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A RESTAURAÇÃO DO VIGOR ESPIRITUAL

2 Reis 6.1-7

 

1Certo dia, os membros do grupo de profetas disseram a Eliseu: “Como vê, este lugar onde nos reunimos é pequeno demais. 2Vamos descer ao rio Jordão, onde há muitos troncos, e construir ali um lugar para nos reunirmos”. “Está bem”, disse Eliseu. “Podem ir.” 3“Venha conosco”, sugeriu um deles. “Eu irei”, disse ele. 4E foi com eles. Quando chegaram ao Jordão, começaram a derrubar árvores. 5 Enquanto um deles cortava um tronco, a parte de ferro do machado caiu no rio. “Ai, meu senhor!”, gritou. “O machado era emprestado!” 6“Onde caiu?”, perguntou o homem de Deus. Quando mostraram o lugar para Eliseu, ele cortou um galho e o jogou na água, e fez o ferro do machado flutuar. 7“Pegue-o”, disse Eliseu. E o homem estendeu a mão e o pegou.

 

As crises de desânimo

Crises de desânimo sempre existiram, mas nos últimos tempos elas parecem ser maiores e mais recorrentes. Em geral, parece que o nível de exigência das pessoas se elevou excessivamente. Por quê?

Arrisco dizer que a destruição dos valores; a abolição dos limites; a vida centrada no “eu”; a rapidez das mudanças; a velocidade das informações; os leques de opções; a fragilidade das emoções; a incapacidade de se ouvir “não”… essas e tantas outras coisas têm cooperado para que o nível de expectativa das pessoas se elevem a patamares irreais, desanimando-as a tal ponto, quando elas não conseguem se realizar, que em muitos casos o que se vê é a escalada rampante do número de pessoas deprimidas, ansiosas, endividadas, dependentes de substâncias químicas etc. Não é sem explicação, portanto, que em um cenário como o nosso, o número de pessoas que cometem suicídio tem aumentado consideravelmente, preocupantemente.

Não é que a Bíblia negue a existência do sofrimento, mas que ela aponta o caminho para a nossa vitória; i.e., fé e esperança em nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo. Paulo, apontando-nos como ele venceu suas lutas, escreveu assim:

2Co 4.8-10 | 8De todos os lados somos pressionados por aflições, mas não esmagados [não desanimados; não angustiados]. Ficamos perplexos, mas não desesperados. 9Somos perseguidos, mas não abandonados. Somos derrubados, mas não destruídos. 10Pelo sofrimento, nosso corpo continua a participar da morte de Jesus, para que a vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo.

Jesus Cristo é a cura para as nossas crises de desânimo.

Eliseu faz um machado flutuar

O texto que lemos — 2Reis 6.1-7 — relata um milagre: o profeta Eliseu fez flutuar um machado que havia caído no fundo do rio Jordão. Na Bíblia, muitas vezes, milagres são parábolas em ação. Eles carregam mensagens. Este milagre, em particular, traz uma palavra de fé e de esperança para quem perdeu o vigor espiritual; a alegria de continuar, de persistir; o prazer de servir e de viver para Jesus Cristo.

Enquanto nos preparamos para eleger as novas lideranças para 2018, domingo próximo pela manhã; ao visualizarmos já o final de mais um ano e o início de uma nova etapa; quero convidar você a olhar para este texto e aprender o quê e como Deus faz para restaurar a alegria e o vigor na vida daqueles que estão desanimados. Observaremos juntos três fatores: progresso; perda; e providência.

1. O progresso contagiante

Eliseu dirigia algumas escolas de profetas. Sabemos de pelo menos três daquelas escolas que ele superintendia: a escola em Gilgal (2Rs 2.1), em Betel (2Rs 2.3) e em Jericó (2Rs 2.5). O seu ministério acadêmico estava sendo grandemente abençoado pelo Senhor e uma dessas suas instituições começava a experimentar um crescimento expressivo, diria até, contagiante.

2Rs 6.1-2 | 1Certo dia, os membros do grupo de profetas disseram a Eliseu: “Como vê, este lugar onde nos reunimos é pequeno demais. 2Vamos descer ao rio Jordão, onde há muitos troncos, e construir ali um lugar para nos reunirmos”. “Está bem”, disse Eliseu. “Podem ir.”

Eliseu e seus discípulos estavam vivendo dias memoráveis: havia sede pelo aprendizado e pela pregação da lei do Senhor, pois a escola crescia e o lugar ficava “pequeno demais”. Foi aí que eles decidiram expandir, planejaram construir. Todos se dispuseram e começaram a trabalhar duro, com disposição e desprendimento.

Eliseu estava entusiasmado por ver a iniciativa, o empenho, o envolvimento, o labor, a maturidade e a generosidade de seus discípulos. Os discípulos de Eliseu também estavam entusiasmados por estarem fazendo parte daquele grande momento na história de Israel. Todos viviam dias de progresso contagiante.

Assim também acontece em quase todas as áreas de nossa vida — pessoal, profissional e também espiritual: começamos sedentos: queremos aprender, crescer, amadurecer, progredir; tomamos iniciativas importantes, nos oferecemos, nos expomos e nos entregamos; planejamos com zelo e ardor; começamos a trabalhar e a construir; os envolvemos com as pessoas e, consequentemente, nos abrimos e nos ferimos.

Enfim, trabalhamos duramente, damos o nosso melhor, conversamos, dialogamos, argumentamos com maturidade; nos desprendemos, sacrificamos tempo e família… tudo por conta do progresso contagiante, da oportunidade que não pode ser perdida… até que algo inesperado acontece.

2. A perda contundente

Enquanto todos trabalhavam entusiasmadamente, um deles perdeu a cabeça de seu machado. Aquele discípulo, em particular, passou de dias memoráveis para dias miseráveis. Ele perdeu o seu machado, o que é pior, perdeu o machado que alguém havia-lhe emprestado!

Ferramentas, nós somos informados, eram instrumentos preciosos e raros naqueles tempos. Não havia Casa do Pica-Pau nem outras do tipo. Nem todos tinham condições de comprar e de manter ferramentas. Eram muito caras.

Perder a cabeça do machado, enquanto alguém o manuseava, parecia ser algo comum. Moisés chegou até a elaborar uma lei que falava do ferro saltando do cabo e atingindo sem querer alguém próximo ao trabalhador (Dt 19.4-5, falando das cidades de refúgio). Caso a vítima viesse a morrer, o trabalhador, que era inocente, seria poupado.

Se a lei referente a animais emprestados (Êx 22.14-15) também fosse aplicada às ferramentas emprestadas, então o pobre estudante teria de reembolsar o homem que lhe havia emprestado o machado. Dessa forma, aquele estudante estaria comprometido financeiramente por um bom tempo.

Observem que no caso do aluno da escola de Eliseu, todos perderam: o moço estava em apuros, pois precisava pagar a ferramenta — ele perdeu dinheiro; os outros estudantes sofreram a perda de um companheiro trabalhador; o dono da ferramenta havia perdido algo de muito valor. Todos, portanto, sofriam com aquela perda. De um progresso contagiante, todos passaram a experimentar uma perda contundente.

Notem em que contexto aquele estudante perdeu a sua ferramenta:

2Rs 6.5 | Enquanto um deles cortava um tronco, a parte de ferro do machado caiu no rio. “Ai, meu senhor!”, gritou. “O machado era emprestado!”

Todos nós estamos sujeitos a perdas contundentes na vida: seja em um relacionamento amistoso, seja em nosso envolvimento com a obra de Deus, seja no trabalho que nós desenvolvemos. E aqui é que entra a lição.

Enquanto estamos envolvidos intensamente no trabalho, se não nos precavermos, poderemos perder muito. Até os homens e mulheres da Bíblia perderam algo:

Moisés perdeu a paciência com o povo hebreu no deserto e espancou a rocha, na tentativa de tirar dela água (Nm 20.1-13);

Davi perdeu o autocontrole e quase degolou Nabal (1Sm 25.13);

ainda Davi, ele perdeu o domínio próprio e, além de se envolver com Bate-Seba, também armou a morte de Urias, esposo daquela linda mulher (2Sm 11);

Elias perdeu o ânimo e se escondeu deprimido na caverna (1Rs 19.1-18).

Poderíamos seguir com uma lista interminável, mas penso que já deu para percebermos: como é fácil perdermos enquanto estamos no trabalho, principalmente no serviço cristão, quando temos que lidar com tantos problemas e situações tão delicadas e difíceis. Perder sensibilidade, amor, alegria, entusiasmo, saúde, esperança, empenho, família, fé, caráter, vontade continuar, e até a vontade de viver.

Depois do progresso contagiante sempre poderá nos atingir a perda contundente, mas graças a Deus que sempre existe uma providência compassiva.

3. A providência compassiva

O estudante que perdeu o machado soube procurar ajuda:

2Rs 6.5-6 | 5Enquanto um deles cortava um tronco, a parte de ferro do machado caiu no rio. “Ai, meu senhor!”, gritou. “O machado era emprestado!” 6“Onde caiu?”, perguntou o homem de Deus. Quando mostraram o lugar para Eliseu, ele cortou um galho e o jogou na água, e fez o ferro do machado flutuar.

Note que ele:

procurou a pessoa certa — o homem de Deus, Eliseu (vv. 5, 6);

falou de seu problema sem rodeios nem máscaras — “Ai, meu senhor!”, gritou. “O machado era emprestado!” (v. 5);

sabia exatamente onde a cabeça de seu machado havia caído (v. 6).

Irmãos queridos, povo de Deus amado, se algum de vocês perdeu o vigor, não prossiga sozinho, nem aja como se nada tivesse acontecido. Eu sei que é da natureza do ser humano achar que ele pode e tem que se virar sozinho. Mas, há coisas na vida que não se resolve sozinho e nem pela força, mas pelo Espírito de Deus.

Procure uma pessoa de Deus que possa lhe ajudar: um parceiro de oração; um amigo espiritual; alguém que vá caminhar com você pelas Escrituras — ajudando você ir ao foco do seu problema.

Compartilhe o seu problema sem rodeios nem máscaras: não disfarce nem arrume desculpas para a sua crise; não se esconda por detrás de seu discurso, nem de suas aparências; não culpe outras pessoas pelo seu fracasso nem faça do outro a razão para o seu desânimo.

Vá à raiz de seu problema, onde tudo começou: muitos se perderam no pecado; outros se perderam em meio a tanta correria; há aquele que se perderam em meio a tanta pressão; outros se perderam em meio a tanta burocracia ou desejo de ter controle sobre tudo e sobre todos.

Busque restaurar o seu vigor espiritual

Não importa se o seu início foi contagiante, deve ter sido, ninguém ingressa na vida cristã, especialmente, sem sonhos, sem entusiasmo. Mas o fato é que todos nós estamos sujeitos às perdas contundentes. Todos, sem exceção, principalmente você, cristão.

Nesse caso, busque a providência compassiva de Deus: busque a Cristo, coloque diante dele o seu fardo, confesse a ele o seu pecado e reconstrua a sua vida pelo prisma da Palavra de Deus — viva pela Bíblia. Lembre-se do conselho de Paulo:

2Co 4.7-10 | 7Agora nós mesmos somos como vasos frágeis de barro que contêm esse grande tesouro. Assim, fica evidente que esse grande poder vem de Deus, e não de nós. 8De todos os lados somos pressionados por aflições, mas não esmagados. Ficamos perplexos, mas não desesperados. 9Somos perseguidos, mas não abandonados. Somos derrubados, mas não destruídos. 10Pelo sofrimento, nosso corpo continua a participar da morte de Jesus, para que a vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo.

 

Somente assim é que você conseguirá viver como Paulo:

2Co 6.8-10 | 8Servimos quer as pessoas nos honrem, quer nos desprezem, quer nos difamem, quer nos elogiem. Somos chamados de impostores, apesar de sermos honestos. 9Somos tratados como desconhecidos, embora sejamos bem conhecidos. Vivemos à beira da morte, mas ainda estamos vivos. Fomos espancados, mas não mortos. 10Nosso coração se entristece, mas sempre temos alegria. Somos pobres, mas enriquecemos a muitos outros. Não possuímos nada e, no entanto, temos tudo.

Restaure o seu vigor em Cristo, prossiga com fé, esperança e amor.

Em nome de Jesus Cristo, amém!

S.D.G. L.B.Peixoto

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