TERAPEUTAS DA PRÓPRIA ALMA
Salmos 42.5, 11
“Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”. (Sl 42.5,11; 43.5)
Introdução
O versículo que acabo de ler é repetido três vezes no livro dos Salmos. Ele aparece duas vezes aqui no Salmo 42 (no v.5 e v.11) e é repetido também no Salmo 43.5.
Essa repetição é uma ênfase que o salmista quer dar. Então, ele fala uma vez, duas vezes, três vezes. E qual é a ênfase? O que é que ele enfatiza?
Hernandes Dias Lopes, pastor e especialista em exposição das Escrituras Sagradas, ele fala que neste Salmo, é enfatizada a necessidade que temos, de nós mesmos, sermos os terapeutas da nossa própria alma.
Nossa alma é complexa, envolve toda a nossa personalidade e ela pode ficar abatida por pouca coisa. Daí a necessidade de tratarmos, de cuidarmos da nossa própria alma. Você deve cuidar da sua alma, como o terapeuta cuida dos doentes. Terapeutas são profissionais zelosos.
A história destes dois salmos (42 e 43), então, é a seguinte: o cantor responsável pela música do templo que ficava em Jerusalém, estava exilado no norte de Israel, impedido de estar no culto presencial, no culto público no templo; ele não podia desfrutar, presencialmente, das alegrias da adoração e dos louvores na Casa de Deus. Essa é a história.
Então, o salmista deste Salmo, tem a plena consciência de que Deus é a fonte da alegria mais excelente, mas ele se vê impedido de ir adorar e louvar a Deus.
Em seu impedimento, o salmista resolve fazer o seguinte: ele traz à mente, as lembranças de como liderava o povo nas procissões festivas que fazia rumo à Jerusalém, com o propósito de adorar a Deus. Ele traz as lembranças ao coração. E aí, ele fica como que conversando consigo mesmo. Ele se vira para a própria alma e adverte para que ela não fique abatida. O salmista fala com a sua própria alma; ele conversa consigo mesmo.
E esta experiência do salmista do Salmo 42, dá para nós cinco lições importantes.
1- CUIDE DA ALMA QUANDO ESTIVER IMPEDIDO DO CULTO PÚBLICO
A primeira lição é essa: devemos cuidar da nossa própria alma, quando nos vemos impedidos de estar no culto da igreja.
Há cristãos que não comparecem para o culto porque estabeleceram outras prioridades. Mas tem os que estão impedidos.
O autor desses dois Salmos estava no exílio, tinha sido retirado à força do convívio do seu povo, estava longe de Jerusalém, longe da casa de Deus, impedido de ir às festas de adoração, e estava ainda, cercado por inimigos cruéis, gente maldosa que que ficava caçoando: “E aí, onde está o teu Deus?”
Este salmista sente que a sua alma estava em lock down, em isolamento total, longe de tudo e de todos. Muito doloroso, porque não podia estar no culto em Jerusalém com o povo.
Irmãos, o culto da igreja é fonte de alegria. A reunião dos crentes, a reunião do povo que ama a Deus e que serve a Deus, essa reunião aqui no prédio, é tônico para a alma, é fortificante para fé, é estimulante para o amor uns aos outros. Precisamos disso! Ser impedido de estar no culto da igreja, portanto, é para o cristão, isto que vemos com o salmista, muito doloroso.
Ficar impedido do privilégio de congregar é até perigoso para a alma, porque se a pessoa for se acomodando, ela esfria, ela desanima e acaba até achando bom; vai assistir televisão, esticar as pernas no sofá, dormir mais cedo, não ter que sair de casa... É um perigo entreter a alma com outras programações diferentes do
culto.
Então, aqui neste Salmo, o salmista impedido de estar no culto público, se vira para a sua própria alma e adverte para que ela não fique abatida. Ele diz: “Não fica assim, não; espera em Deus. Olha para Deus. Espera nEle!
Essa é a nossa primeira lição: quando nos vemos impedidos de estar presencialmente nos cultos da igreja, a coisa certa a fazer é advertir a alma para que não fique abatida; porque a alma da gente suspira por Deus, tem sede de Deus.
2- CUIDE DA ALMA QUANDO O ABATIMENTO ESPIRITUAL CHEGAR
Em segundo lugar, devemos cuidar da nossa alma, sempre que o abatimento espiritual chegar até nós.
O famoso Salmo 23 ensina que é possível passar pelo vale com confiança no Bom Pastor que é o Senhor. É possível os pés estarem no vale da sombra da morte e o coração estar dizendo o seguinte: “Não temerei mal algum porque Tu estás comigo”.
Porém, muitas vezes, as circunstâncias da vida são tão duras, que o nosso coração teima confiar em Deus. Mas, preste atenção, todo crente em Jesus é conforme o apóstolo Paulo disse, alguém que vive pela fé no Filho de Deus (Gl 2.20).
O cristão não vive movido pelas circunstâncias, não vive movido pelos sentimentos. Nós vivemos pela fé. Por isso, mesmo que o vale seja escuro por causa da sombra da morte, não devemos nos desesperar e, sim, dizer para a nossa alma: “Não fica abatida. O Deus todo poderoso é auxílio, é a nossa salvação!”
Então, quando o abatimento espiritual chegar, no instante que você perceber, no momento que você der conta, afirme para sua própria alma que você não é movido pelo que sente, não é movido pelas circunstâncias. Como terapeuta da sua própria alma, afirme para ela que você é movido pela fé em Jesus.
Não fique com vergonha de conversar sozinho, não. Fala para sua alma.
3- CUIDE DA ALMA QUANDO PERDER A CALMA E FICAR PERTURBADO
Em terceiro lugar, devemos cuidar de nossa própria alma, sempre que perdemos a calma e ficamos perturbados.
Nossa alma, muitas vezes, é empurrada de um lado para o outro, pela ventania forte que o medo sopra, a dúvida sopra e a angústia sopra.
O salmista do Salmo 42, além de estar impedido de participar do culto na Casa de Deus, ele era também, atormentado pelos seus adversários, gente má que ficava fustigando: “Cadê o seu Deus?”.
Uma alma perturbada, inquieta, angustiada, se entrega facilmente à ansiedade e à depressão. A alma perturbada nos faz tirar os olhos de Deus e focar somente na crise. Perturbação não é boa companhia para a alma.
A lição novamente é: Converse com a sua alma. Faz para ela umas perguntinhas de confrontação; o propósito é que ela se desperte. O salmista confrontou sua própria alma, interrogando, perguntando: “Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim?”
Esta terceira lição se resume nisso: Não permita que a sua alma fique perturbada. Nossa alma não pode andar de mãos dadas com a perturbação. Fala pra ela descansar em Deus. Amém?
4- CUIDE DA ALMA ALIMENTANDO-A COM LOUVOR ONDE ESTIVER
Em quarto lugar, devemos cuidar da nossa própria alma, alimentando-a com o substancioso momento de louvor. O salmista está impedido de estar no templo de Jerusalém, no altar, mas a sua alma é um altar, é onde Deus habita. Então o salmista fala para sua própria alma: “Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei”.
Para nossa alma louvar a Deus, não depende do lugar, não depende da circunstância. A gente pode cantar louvor aqui no culto e em casa, na rua, no carro, em qualquer lugar e em qualquer circunstância.
O apóstolo Paulo e o seu companheiro de viagem missionária chamado Silas, louvaram a Deus dentro de uma prisão.
Ouça: para louvar a Deus, é como o rei Davi declarou: “Bendirei o Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios...” – Ele disse (Sl 34.1-2 – NAA). Então, não tem lugar, não tem tempo ruim. Quando nos vemos impedidos de louvar no culto da igreja junto dos irmãos, devemos louvar sozinhos no lugar em que estivermos. Isso é para a alma se manter fortalecida.
Quem está entendendo diga “amém”.
5- CUIDE DA ALMA RELEMBRANDO QUE DEUS É O VERDADEIRO AUXÍLIO
Por fim, devemos cuidar de nossa própria alma, relembrando a ela que Deus é o nosso auxílio, a nossa salvação.
O salmista, entristecido por não poder estar na Casa de Deus, e sofrendo também a maldade dos adversários, reúne forças para dizer à sua alma que Deus é o seu verdadeiro auxílio, e aí, ele encontra segurança para a sua alma.
Justino Mártir, que viveu no ano 100 e que estudou nas escolas dos filósofos Sócrates e Platão, conta-se que ele ficou impressionado com o fato dos cristãos não temerem a morte e, após uma conversa com um cristão idoso, Justino tornou-se cristão também. E Justino Mártir declarou isto: “podem matar-nos,
porém jamais poderão fazer-nos mal”.
Pessoas cheias de maldade, podem nos arrancar a liberdade, podem até tirar a nossa vida, mas não podem roubar a nossa fé, a nossa confiança de que Deus é o nosso auxílio na vida e na morte.
O crente é assim, escreveu o apóstolo Paulo: “vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8 – NAA).
Então, no instante em que você sentir sua alma abatida, relembre a ela esta verdade: Deus é o nosso verdadeiro auxílio.
Conclusão
Toda vez que você estiver impedido de estar nos cultos presenciais da igreja, junto ao povo que adora a Deus, seja você mesmo, o terapeuta da sua alma, cuidando pra que ela não enfraqueça, não esfrie na fé.
Cuide para que sua alma não permaneça abatida, porque isto te arrastará ao esfriamento espiritual, ao desânimo, até à depressão se deixar.
Quando estiver impedido de estar no culto da igreja, cuide da sua alma.
Sempre que o abatimento espiritual chegar, cuide da sua alma.
Sempre que perder a calma e ficar perturbado, cuide da sua alma.
Quando você se ver impedido de estar no lugar de adoração, louve a Deus do lugar onde você estiver, porque o seu coração é um altar de adoração.
Quando sentir sua alma abatida pelo impedimento de estar no culto público, relembre para sua alma que Deus é o nosso auxílio, a nossa salvação.
Cuidando da própria alma, você se guarda do desânimo, do esfriamento
espiritual, e você se sentirá bem melhor assim. Aleluia!!
Pastor Walter Pacheco da Silveira, 21.03.2021
Baseado em material de Hernandes Dias Lopes