REFRIGÉRIO
Salmo 23
1 O SENHOR é meu pastor, e nada me faltará. 2 Ele me faz repousar em verdes pastos e me leva para junto de riachos tranquilos. 3 Renova minhas forças e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome. 4 Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem. 5 Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda. 6 Certamente a bondade e o amor me seguirão todos os dias de minha vida, e viverei na casa do SENHOR para sempre.
Introdução
“Ele … me leva para junto de riachos tranquilos”, diz o verso 2.
“Vivemos num mundo seco e salgado”. Esta declaração foi feita por um pastor que serve a Deus no Estado de Goiás, Leandro Peixoto. Ele pregava sobre o Salmo 23 e quando chegou nesta parte, ele declarou isto. Foi uma novidade para mim, porque eu nunca havia me deparado com a realidade colocada nestes termos e que é, obviamente, a mais pura verdade: “Vivemos num mundo seco e salgado”.
Porque a vida neste mundo é cheia de situações duras, de circunstâncias áridas. Uma dificuldade pequena que seja, muitas vezes é como um grãozinho de areia que penetra em nossos olhos, irrita e provoca lágrimas! Vivemos num mundo seco.
E salgado, porque, toda dificuldade encontrada na vida neste mundo, não é doce. O sabor de uma dificuldade é parecido com sal. Ora, quando a gente enfrenta uma dificuldade, quantas vezes ficamos com a boca ressecada e o sal é responsável por esta sensação; boca seca. Isso acontece porque enfrentando uma dificuldade, o nosso emocional se altera, ficamos ansiosos, preocupados.
É bem provável que por causa disso é que surgiu aquela expressão assim: “Tô no sal”. O camarada bateu o carro do patrão, ele diz: “Tô no sal”. Na escola, você tirou zero na prova e vai ter que contar aos pais, então os seus colegas te falam: “Você tá no sal!” Significa que você está passando por dificuldade; está em situação complicada.
Então, pode ser coisa pequena, mas uma dificuldade na vida pode irritar os olhos, dar um amargo na boca e fazer a gente sofrer e chorar.
E quando passamos por essa situação, com os olhos em lágrimas e a garganta seca por conta de alguma dificuldade, nossa alma começa a procurar por refrigério, por água, só que, seguindo os nossos próprios impulsos, não encontramos água fresca com facilidade.
O risco de nos perdermos é grande, porque podemos buscar esse alívio espiritual em fontes que não vem de Deus e beber dessas fontes, além de ser uma atitude pecaminosa, não alivia de verdade a nossa alma.
Ouça a experiência de Israel no passado; está escrito no livro do profeta Jeremias. Deixa eu ler pra você (Jr 2.5-7, 11- 13): “Assim diz o SENHOR: Que defeito seus antepassados encontraram em mim, para que se afastassem tanto? Foram atrás de ídolos inúteis, e eles próprios se tornaram inúteis. 6 Não perguntaram: ‘Onde está o SENHOR, que nos tirou do Egito em segurança e nos conduziu pelo deserto, uma terra árida e cheia de covas, terra de seca e densa escuridão, onde ninguém vive e pela qual ninguém passa?’. 7 E, quando eu os trouxe para uma terra fértil, para desfrutar sua fartura e as coisas boas que ela produzia, vocês contaminaram minha terra e corromperam a herança que eu lhes tinha dado. […] 11 Alguma vez uma nação trocou seus deuses por outros, mesmo que não sejam deuses de verdade? Meu povo, no entanto, trocou seu Deus glorioso por ídolos inúteis! 12 Os céus se espantam diante disso, ficam horrorizados e abalados, diz o SENHOR. 13 Pois meu povo cometeu duas maldades: Abandonaram a mim, a fonte de água viva, e cavaram para si cisternas rachadas, que não podem reter água” (NVT).
Veja: sozinhos nós não conseguimos encontrar água que realmente refresque e sacie a sede que a alma sente.
Nós precisamos ser guiados para a verdadeira fonte e guiados por Alguém que seja capaz de nos levar à elas.
É aí que entra a nossa necessidade de Jesus. O Senhor Jesus é o Bom Pastor que sabe onde estão as correntes de águas vivas, frescas e abundantes, capazes de refrigerar nossa alma.
É o que o salmista do Salmo 23 declara: “O SENHOR é meu pastor, e nada me faltará. Ele […] me leva para junto de riachos tranquilos” (ou “águas tranquilas”, como traz a maioria das versões bíblicas).
Você sabe que este Salmo 23 faz uma analogia: o Senhor Jesus é como o pastor de ovelhas e a pessoa que entregou a sua vida para Deus dirigir e abençoar, é como a ovelha do rebanho do Senhor.
Agora, a ovelha é um animal que precisa de água regularmente. Os caprinos, e a ovelha é dessa família, consomem entre dois e meio a quatro litros de água por quilo!
Ovelhas não são como as gazelas da África que passam um longo período sem água e muito menos, são como os camelos do Saara, que passam mais tempo ainda sem água.
Ovelhas precisam de água com frequência. Mas, como não é um animal esperto (a ovelha, realmente, não é), pra localizar água, o segredo está no pastor. Ele sabe dos “verdes pastos” (v. 2ª), e sabe dos melhores bebedouros (v. 2b).
A ovelha, não. Quando a ovelha está sedenta, com sede, ela começa a ficar inquieta e aí, se não tem quem cuida dela, ovelha bebe água até de poças poluídas, onde tem vermes e bactérias causadores de doenças.
A Bíblia ensina que assim como o corpo físico tem necessidade de água e sente sede, a alma humana também tem necessidade de Deus e sente sede da presença dEle.
Davi expressou isso no Sl 42.2: “Tenho sede de Deus, do Deus vivo”. E isto é verdade sobre todo ser humano.
Por natureza, somos possuidores de uma alma sedenta e distante de Deus por causa do pecado. E com sede de Deus, a Água da Vida, o ser humano parte em busca dEle.
Mas, não sendo esperto como imagina ser no seu entendimento, ao encontrar cisternas rachadas, acha que dá pra matar a sede ali, e acaba bebendo de uma poça poluída e contaminada para a morte.
Um dos grandes pensadores e teólogos do cristianismo, Agostinho, ele escreveu uma frase que diz tudo sobre esse estado da ovelha sedenta, Agostinho escreveu: “Ó Deus, tu nos criaste para Ti; nossa alma sempre estará inquieta e ansiosa, enquanto não encontrar descanso em Ti”.
Lemos no Novo Testamento, de Jesus conversando com a mulher samaritana (João 4.4-18), que ilustra perfeitamente bem a pessoa espiritualmente sedenta.
Vou ler pra você: “No caminho, teve de passar por Samaria. 5 Chegou ao povoado samaritano de Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado a seu filho José. 6 O poço de Jacó ficava ali, e Jesus, cansado da longa caminhada, sentou-se junto ao poço, por volta do meio-dia. 7 Pouco depois, uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: “Por favor, dê-me um pouco de água para beber”. 8 Naquele momento, seus discípulos tinham ido ao povoado comprar comida. 9 A mulher ficou surpresa, pois os judeus se recusam a ter qualquer contato com os samaritanos. “Você é judeu, e eu sou uma mulher samaritana”, disse ela a Jesus. “Como é que me pede água para beber?” 10 Jesus respondeu: “Se ao menos você soubesse que presente Deus tem para você e com quem está falando, você me pediria e eu lhe daria água viva. 11 Mas você não tem corda nem balde, e o poço é muito fundo”, disse ela. “De onde tiraria essa água viva? 12 Além do mais, você se considera mais importante que nosso antepassado Jacó, que nos deu este poço? Como pode oferecer água melhor que esta que Jacó, seus filhos e seus animais bebiam?” 13 Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, 14 mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna. 15 Por favor, senhor, dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.” 16 “Vá buscar seu marido”, disse Jesus. 17 “Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, 18 pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”.
A história da mulher samaritana revela três fontes de águas poluídas onde o ser humano geralmente recorre pra matar sua sede espiritual: o trabalho, os relacionamentos e as crenças.
O ser humano tem a alma sedenta de Deus, ora, ele foi criado por Deus e para Deus e sem Ele, a alma sente falta.
Aí, alguns buscam saciar essa sede, essa falta de Deus, com o trabalho, ou com relacionamento com os outros ou ainda com religião. E com outras coisas mais, como: música, esporte, comida, bebida, drogas, etc.
E a alma que está sedenta, muitas vezes, encontrando poças poluídas, a pessoa pensa que ali vai saciar a sede que a alma tem. Só que não.
Por isso que o teólogo Agostinho declarou: “nossa alma sempre estará inquieta e ansiosa, enquanto não encontrar descanso em [Deus]”. A alma humana precisa da Água Viva, precisa de Deus.
Então, quando Davi escreveu o Salmo 23, ele olhava para a sua vida do ponto-de-vista da ovelha e disse: “O Senhor é meu pastor [...] Ele me leva para junto de riachos tranquilos”.
Em outras palavras, Davi estava dizendo: somente o Senhor Deus sabe onde eu posso encontrar da água que minha alma precisa.
Em termos gerais, a ovelha consegue água de três maneiras: do orvalho que cai durante a noite sobre a relva, dos poços cavados e dos riachos.
Nas primeiras horas do dia, a vegetação está coberta de orvalho. A ovelha acorda cedo e começa a pastar, comendo da relva ainda molhada de orvalho. Isso é uma fonte de água pura e limpa pra ela. O pastor dedicado, deixa o rebanho pastar cedo.
Na vida cristã, pode verificar: os crentes mais confiantes, mais fortalecidos, são os que levantam cedo pela manhã para se alimentar da Palavra de Deus. De manhã cedo, eles estão comendo a Palavra, fazendo leitura da Bíblia.
Além do orvalho sobre a relva, a ovelha conta com a água dos riachos.
Alguns especialistas em Bíblia, entendem que a palavra “tranquilo” que o salmista usou pra falar “águas tranquilas”, deve ser entendida como “águas tranquilizadas”, porque era o que normalmente um pastor precisava fazer. Ele tinha que tranquilizar as águas pra que as ovelhas pudessem beber.
Por uma razão clara: a ovelha sendo um animal peludo como é, ela é produtora de lã, então, se escorregar para dentro do rio, afunda encharcada. Pois, o trabalho do pastor incluía providenciar um pequeno riacho, com águas mansas, não correnteza, águas tranquilas, para a ovelha beber. Às vezes o pastor construía uma pequena lagoa de águas tranquilizadas e limpas para as ovelhas.
Quando o salmista Davi diz “O Senhor é meu Pastor, Ele me leva para águas tranquilas”, a mensagem é essa: O Senhor nosso Deus, é mestre em transformar águas turbulentas em águas tranquilas.
Deus sabe, como ninguém, transformar dificuldades em experiências abençoadas. Então. em meio a tormenta, o crente ora, faz oração, e a sua alma se refrigera em Deus.
Quantos de nós poderia lembrar agora, de um momento duro e difícil, mas que, pela graça de Deus, por meio da oração, foi transformado numa bênção tão grande? Penso que todos.
E, além do orvalho sobre a relva (aquele momento cedo pela manhã para ler a Bíblia, a Palavra de Deus), e além dos riachos tranquilizados (isto é, da oração em meio as tormentas), a ovelha do Senhor, ainda encontra água no poço cavado pelo Bom Pastor.
Irmão, Jesus é a fonte de água da vida que Deus cavou para nós. Toda alma sedenta e inquieta, encontra resfrigério em Jesus.
Talvez, sentindo o sabor amargo das dificuldades da vida, você tem buscado saciar a sede da alma em poças poluídas.
Hoje eu te faço um convite: receba agora mesmo o Senhor Jesus por seu Pastor, Ele é o Senhor e Salvador.
Confesse à Ele, o seu pecado de buscar água noutras fontes. E beba dEle, da presença dEle, a água que traz vida para você.
Tendo Jesus como seu Pastor, você poderá dizer como Davi disse: “O SENHOR é meu pastor, e nada me faltará. 2 Ele […] me leva para junto de riachos tranquilos” (Sl 23.1-2).
Em Jesus e somente em Jesus, você terá refrigério para a sua alma, hoje, nesta vida mesma, e para sempre.
Você já entregou sua vida para Jesus dirigir e abençoar?
Pr Walter Pacheco da Silveira, 12.07.2020
Fonte: Lenadro B Peixoto