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O CONSOLO DO BOM PASTOR

Salmo 23

 

1 O SENHOR é meu pastor, e nada me faltará. 2 Ele me faz repousar em verdes pastos e me leva para junto de riachos tranquilos. 3 Renova minhas forças e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome. 4 Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem. 5 Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda. 6 Certamente a bondade e o amor me seguirão todos os dias de minha vida, e viverei na casa do SENHOR para sempre.

 

Introdução

Friagem é a queda brusca da temperatura, o vento é frio e o desconforto é geral.

Mas, sabe, a felicidade é como um agasalho quentinho nessas horas, como sugere a história em quadrinhos do cãozinho Snoopy. Um dos personagens da história é Linus, um garoto que não desgruda do seu cobertor azul.

Linus anda de um lado para o outro arrastando aquele cobertor pelo chão, enquanto chupa o dedão da outra mão. Ele nunca abandona o seu cobertorzinho azul. Por quê? É o seu “cobertor de segurança”. Agarrado ao cobertor azul, Linus se consola, porque se sente seguro e protegido. Por isso que o autor do livrinho dessa história que tem 80 páginas, deu a ele o seguinte título: “A felicidade é um cobertor quentinho!”, porque na sua necessidade de consolo, Linus se apegava ao cobertorzinho azul.

Todos temos necessidade de consolo.

Quando crianças, todos, provavelmente, tenhamos tido o nosso “cobertor de segurança”, que nos apegamos em busca de consolo: pode ter sido a chupeta, o travesseirinho, a fralda de pano no nariz, o dedo na boca, o ursinho de pelúcia, a boneca, alguma coisa.

Nós crescemos e deixamos o “cobertorzinho azul” de lado, mas a necessidade de consolo e proteção permanece. Afinal, somos todos carentes de consolo e de proteção.

 

A segunda parte do verso 4 aqui do Salmo 23, diz assim: “Tua vara e teu cajado me protegem [consolam]”. O salmista Davi está nos mostrando o seu “cobertor de segurança”.

Não é preciso provar que estamos vivendo num mundo sem o mínimo de consolo, segurança ou proteção.

Cada um de nós anda tão ocupado em cuidar de suas próprias necessidades e interesses, que poucas são as vezes que cuidamos e consolamos os outros; não nos sobra muito tempo!

Com isso, o mundo fica cada vez mais solitário e sem amor. É cada um por si e se virando como pode.

Mas, é diante disso que surge Jesus, o Bom Pastor, que Se revela para Suas ovelhas como o Consolador na hora da tristeza mais profunda.

Que tipo de consolo o Bom Pastor nos oferece?

Bem, primeiro vamos entender o que o salmista quer dizer com “consolo” neste Salmo 23. A palavra “consolar”, conforme usada aqui, também significa: confortar, proteger, demonstrar bondade e compaixão...

O  salmista Davi fala que Deus é o seu Pastor, porque ele mesmo está se vendo como ovelha do Senhor, e por isso ele diz: “a tua vara e o teu cajado me consolam”.

Davi diz que o consolo vem da vara e do cajado que o pastor usa.

 

Entenda o que são esses acessórios: esta vara ou bordão é uma arma e o cajado é uma ferramenta. A vara é para a proteção e o cajado é para o pastoreio.

O pastor de ovelhas usa a vara como arma de defesa e o cajado como ferramenta para cuidar do rebanho. Então, destes dois acessórios do Bom Pastor, o salmista diz que vem consolo para ele.

E quando é que o Bom Pastor traz esse consolo pra nós?

Nas horas difíceis. Davi diz: “Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte (imagina isso), não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem” (v.4).

É na hora mais dura, é quando andamos pelo escuro vale da morte, que encontramos na pessoa de Jesus, o Bom Pastor, o que não achamos em mais ninguém.

O profeta Isaías conta que o Senhor Deus declarou para os que são Suas ovelhas, está escrito (Is 43.1-3): “Mas agora, ó Jacó, ouça o SENHOR que o criou; ó Israel, assim diz aquele que o formou: “Não tema, pois eu o resgatei; eu o chamei pelo nome, você é meu. 2 Quando passar por águas profundas, estarei a seu lado. Quando atravessar rios, não se afogará. Quando passar pelo fogo, não se queimará; as chamas não lhe farão mal. 3 Pois eu sou o SENHOR, seu Deus, o Santo de Israel, seu Salvador”.

Esses versos da Bíblia não prometem que ficaremos imunes aos sofrimentos e às tristezas ao longo da vida neste mundo, mas garantem que, quando nos sobrevierem dificuldades, o Bom Pastor, que é o Senhor Jesus, atravessará esse tempo difícil conosco e nos protegerá.

Foi assim com Noé durante o dilúvio, foi assim com Israel na atravessia do deserto, foi assim com Daniel na fornalha de fogo e assim será também com cada um de nós, ovelhas do rebanho do Senhor! Afinal, Sua vara e Seu cajado nos oferecem consolo, proteção.

 

Pois bem, vara e cajado são as ferramentas de trabalho que o pastor usa ao lidar com o seu rebanho.

A vara normalmente era tirada de um arbusto e servia como arma de defesa e também para corrigir e disciplinar o rebanho.

Já o cajado é um instrumento, uma ferramenta exclusiva do pastor de ovelhas. Feito de uma vara fina e longa, o diferencial do cajado é que ele tem uma das pontas parecida com o cabo de um guarda-chuva. Servia para o pastor pegar carinhosamente a ovelha pelo pescoço e puxá-la para perto e também para conduzi-la no caminho.

 

Phillip Keller, autor de um livro sobre o Salmo 23 (Nada Me Faltará) e que foi pastor de ovelhas, é da opinião de que a vara simboliza a Palavra de Deus e o cajado simboliza o Espírito Santo, porque um é arma e correção e o outro é apoio e direção.

Seja como for, o fato é que por meio da Palavra de Deus da ação do Espírito Santo, Deus dá consolo e proteção às ovelhas do Seu pastoreio.

Escuta o que o diz o apóstolo Paulo na sua carta aos Tessalonicenses (1Ts 1.4-6): “Sabemos, irmãos, que Deus os ama e os escolheu. 5 Pois, quando lhes apresentamos as boas-novas, não o fizemos apenas com palavras, mas também com poder, visto que o Espírito Santo lhes deu plena certeza de que era verdade o que lhes dizíamos. E vocês sabem como nos comportamos entre vocês e em seu favor. 6 Assim, apesar do sofrimento que isso lhes trouxe, vocês receberam a mensagem com a alegria que vem do Espírito Santo e se tornaram imitadores nossos e do Senhor”.

A Palavra com a ação do Espírito Santo, salva, santifica, protege, dirige, disciplina e consola os que são ovelhas do Senhor. E são esses os que dizem com toda a propriedade nos momentos mais duros e difíceis: “tu estás comigo”.

 

Martinho Lutero, que foi o principal personagem da Reforma Protestante realizada no século XVI, ele comentou esse verso 4 do Sl 23, escrevendo assim: “O Senhor,” diz Davi, “está comigo, mas não corporalmente, de forma que eu possa vê-lo ou ouvi-lo. Essa presença do Senhor de que estou falando não deve ser compreendida pelos cinco sentidos. Mas a fé a vê e crê que o Senhor está mais próximo de nós do que nós estamos de nós mesmos.” Como? Através de sua Palavra. Ele diz, portanto: “Tua vara e teu cajado me protegem”. É como se Davi dissesse: “Em todas as minhas angústias e dificuldades, não encontro nada na terra que possa me satisfazer. Mas então a Palavra de Deus é a minha vara e o meu cajado. A essa Palavra eu me apego, e por ela me ergo novamente. Também aprenderei com certeza que o Senhor está comigo e que Ele não só me fortalece e conforta com essa mesma Palavra em todas as angústias e tentações, mas também que me redime de todos os meus inimigos, contrariando às vontades do diabo e do mundo.”

Maravilhoso. Para termos uma ideia de como a Palavra de Deus, pela ação do Espírito Santo, consola aquele que é ovelha do Senhor, o Bom Pastor, escuta o que diz a Bíblia:

No Sl 69.16-20 está: “Responde às minhas orações, ó SENHOR, pois o teu amor é bom. Cuida de mim, pois a tua misericórdia é imensa. 17 Não te escondas de teu servo; responde-me sem demora, pois estou aflito. 18 Vem e resgata-me; livra-me de meus inimigos! 19 Tu sabes que sofro zombaria, vergonha e humilhação; vês tudo que meus inimigos fazem. 20 Os insultos deles me partiram o coração; estou desesperado! Se ao menos alguém tivesse piedade de mim; quem dera viessem me consolar”.

No Sl 86.17, lemos: “Mostra-me um sinal do teu favor; então serão envergonhados os que me odeiam, pois tu, SENHOR, me ajudas e me consolas”.

Isto ensina que podemos desfrutar da vara e do cajado do Bom Pastor, indo a Deus em oração.

 

Outra forma de desfrutarmos da vara e do cajado do Bom Pastor, é compreendendo que Deus é soberano.

Escuta isto, Sl 71.20-21 diz: “Permitiste que eu passasse por muito sofrimento, mas ainda restaurarás minha vida e me farás subir das profundezas da terra. 21 Tu me darás ainda mais honra e voltarás a me confortar”.

 

Outra forma de desfrutarmos da vara e do cajado do Bom Pastor, é perseverando com fé e esperança até o fim.

O Sl 77.1-3, 9-12, 20 diz: “Clamo a Deus; sim, grito bem alto. Quem dera Deus me ouvisse! 2 Quando eu estava angustiado, busquei o Senhor. Orei a noite toda, de mãos estendidas para o céu, mas minha alma recusou ser consolada. 3 Lembro-me de Deus e começo a gemer; desfaleço, ansioso por sua ajuda. Interlúdio […] 9 Deus se esqueceu de ser bondoso? Em sua ira, fechou a porta para a compaixão? Interlúdio 10 Pensei: “É por esta razão que sofro; o Altíssimo voltou sua mão direita contra mim”. 11 Depois, porém, lembro-me de tudo que fizeste, SENHOR; recordo-me de tuas maravilhas do passado. 12 Estão sempre em meus pensamentos; não deixo de refletir sobre teus poderosos feitos. […] 20 Conduziste teu povo como um rebanho de ovelhas, pelas mãos de Moisés e Arão”.

 

Outra forma de desfrutarmos da vara e cajado do Bom Pastor, é cultivando comunhão com Deus através da Palavra.  

O Sl 119.49-52 diz: “Lembra-te da promessa que fizeste a este teu servo; ela é minha esperança. 50 Tua promessa renova minhas forças; ela me consola em minha aflição. 51 O tempo todo os orgulhosos me desprezam, mas eu não me desvio de tua lei. 52 Medito em teus estatutos tão antigos; ó SENHOR, eles me consolam!”

 

Também podemos desfrutar da vara e do cajado do Bom Pastor, recebendo a disciplina amorosa de Deus.

Está escrito no Sl 119.74-77: “Que eu seja motivo de alegria para os que te temem, pois em tua palavra depositei minha esperança. 75 Eu sei, ó SENHOR, que teus estatutos são justos; tu me disciplinaste por tua fidelidade. 76 Agora, que o teu amor me console, como prometeste a este teu servo. 77 Cerca-me de tua compaixão, para que eu viva, pois tenho prazer em tua lei”.

 

Conclusão

A vara e o cajado são fonte de consolo para as ovelhas de Jesus.

Por meio da Palavra de Deus e do Espírito Santo na nossa vida, somos protegidos, cuidados, disciplinados… enfim, salvos e santificados para a vida eterna com Deus.

Eu quero encorajar você a se submeter à vara e ao cajado do Senhor. Que o Senhor seja o seu “cobertor de segurança”.

Leia a Palavra de Deus, busque o ambiente da igreja, porque ali você tem a pregação da Palavra, o ensino, o estímulo à prática da comunhão diária com Deus.

Ponha Bíblia e comunhão com o Espírito Santo no seu dia!

Isso é importante. A Palavra de Deus e a iluminação do Espírito Santo é fonte de consolo para o coração do crente.

Submeta-se à Palavra de Deus e quando você enfrentar momentos duros da vida, você estará em condições pra dizer à sua própria alma aflita: “não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”.

 

Pr Walter Pacheco da Silveira, 9.08.2020

Fonte: Leandro B Peixoto

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