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DESCOMPLIQUE SUA FÉ

Tiago 1.13-17

 

Estamos trabalhando uma série de mensagens chamada Descomplique. Nas últimas duas semanas já refletimos sobre esse tema, baseado no que Tiago escreve aos discípulos de Jesus que estão dispersos por todo o Império Romano, no primeiro século, após uma perseguição aos cristãos ter sido iniciada em Jerusalém.

Na primeira reflexão, falamos sobre Descomplique Suas Crises, e nós vivemos um momento no nosso país, aonde todos estamos envolvidos por uma crise política e econômica que afeta a vida da gente.

Então, nós precisamos olhar para a Palavra de Deus e ver o que Ele nos ensina a fazer diante das crises. Porque as crises não devem ser vistas só psicologicamente, economicamente, socialmente, politicamente, seja lá o mente que for. É preciso olhar as crises biblicamente também.

E Domingo passado, nós fomos desafiados a descomplicar a nossa agenda, o nosso dia a dia, que precisa ser simples, ocupado somente com aquilo que é importante.

Se você não participou dessas duas reflexões, eu encorajo você a pedir cópia para leitura.

Basta você enviar uma mensagem para este número.

Hoje, nós vamos abordar sobre um terceiro tema: Descomplique Sua fé. E dentro deste tema, deixa eu lembrar você de algumas coisas importantes.

Tiago, irmão do próprio Senhor Jesus, é quem escreve esta carta. E o curioso é que Tiago somente se tornou discípulo de Jesus depois da ressurreição de Jesus, porque foi aí que a ficha caiu pra ele, crendo que Jesus era o Filho de Deus, que o Espírito Santo gerou no ventre de Maria, sua mãe.

E depois que Tiago é convertido, ele se torna um dos principais líderes da igreja do primeiro século, que ao saber dos discípulos de Jesus que se espalharam pelo Império Romano, escreve para encorajá-los.

Mas o que está acontecendo com aqueles discípulos para que Tiago escrevesse pra eles? Três coisas motivaram Tiago a escrever: Primeira, eles estão num contexto de adversidade. No lugar aonde estão, eles são estrangeiros e enfrentam crises e dificuldades de todo tipo.

Uma segunda coisa que acontecia e muito comum para quem vive no contexto das adversidades, é que eles estão propensos, inclinados, a negociarem os valores da fé. Em meio as crises, muitas vezes, nós somos tentados a negociar os valores da nossa fé isto é, a abrir mão dos princípios da Palavra de Deus.

E uma terceira coisa acontecia: eles estão atribuindo para os outros ou para as circunstâncias da vida, a razão dos seus erros.  

Ah! Isso não é exclusividade dos discípulos de Jesus no primeiro século. Nós, no século 21, também temos essa facilidade de justificar os nossos erros, os nossos pecados, baseados no nosso momento emocional, baseados na nossa depressão, baseados no que aconteceu com a gente no passado ou coisas parecidas.   

Agora, interessante, como Tiago é simples e prático. Ele vai direto ao ponto, não faz rodeios. Ele descomplica.

E deixa eu apresentar pra você, logo de cara, as duas coisas que Tiago quer nos falar sobre como podemos descomplicar a nossa fé.

A primeira coisa que ele vai dizer é: chega de desculpas ou chega de mimimi. Hoje é comum ouvir essa expressão: “Chega de mimimi”.

Tem gente que fica fazendo certas frescuras, que fica justificando os seus erros, culpando os outros, culpando o sistema e nunca, nunca, assumindo a responsabilidade dos seus erros e decidindo repará-los como uma pessoa adulta faz.

Então, a primeira coisa que Tiago diz aos cristãos que estão dispersos é: chega de desculpas, vamos assumir responsabilidades e vamos lidar com as tentações, com os pecados, com os erros, de maneira séria.

Uma segunda coisa que ele vai dizer é: chega de espiritualidade sedentária, porque não existe tempo pra obesidade espiritual.

O sedentarismo é a qualidade, péssima por sinal, daqueles que são de ficar parados, sem se mexer, que vivem quase que sentados o tempo todo.

Tiago vai dizer: tá na hora de vocês colocarem em prática o que vocês já aprenderam na vida; colocar em prática o que vocês já sabem.

Então, é nessa direção que Tiago escreve aos cristãos dispersos do primeiro século. O que Tiago nos diz sobre esse primeiro ponto: Chega de Descuplas? Ou chega de mimimi? Veja comigo o v.13-15: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte”.

Vamos lá, três versos apenas, mas muita coisa pra ensinar.

No v.13, por duas vezes nesse verso, aparece o verbo tentar, que no grego é o verbo peirazo, que significa desejos interiores que crescem e geram erros exteriores.

Tiago está dizendo que nós não somos tentados por fatores externos, somos tentados a partir de fatores internos, os nossos próprios desejos.

E isto é diferente de provação. Tem tentação e tem provação. No v.2, nós já estudamos, Tiago usa a forma substantiva do verbo, peirasmos, que significa circunstâncias externas que lapidam nossas motivações internas. As provações.

Então, enquanto as provações têm a ver com as circunstâncias externas que lapidam nossas motivações internas, as tentações tem a ver com os desejos interiores que geram erros exteriores. Portanto, tentação é uma coisa, provação é outra coisa.  

Nesse v.14, Tiago fala da tentação. Olha só o que ele diz.  Essa expressão “maus desejos” (algumas versões da Bíblia traduzem por concupiscência, cobiça), no grego é uma palavra, epithymia, que significa desejo interior disfuncional em relação aos valores de Deus.

Tiago está usando aqui a palavra epithymia, para dizer de um desejo que nós temos dentro de nós, que por alguma razão, e a gente sabe qual é essa razão, é um mau desejo.

Dentro de todos nós existem maus desejos, epithymia. A razão porque temos esses desejos dentro de nós, pra quem não sabe, é porque os nossos primeiros pais, Adão e Eva, lá no jardim do Éden, romperam com Deus, então, a partir daquele momento de ruptura, os nossos desejos se tornaram disfuncionais, se tornaram maus, porque nos levam a tomar decisões contrárias aos princípios de Deus.

Em Ef 2.3, perceba que o apóstolo Paulo usa a mesma palavra epithymia, quando fala: “satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos”. Mas foi Jesus, primeiro, quem usou esta palavra ao contar a Parábola do Semeador (Mc 4.19). Jesus conta o seguinte: “quando chegam as preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios (a epithymia) por outras coisas, sufocam a palavra, tornando-a infrutífera”.

Olha o que acontece: a epithymia, diz Jesus, sufoca a Palavra de Deus no coração da pessoa, tornando-a infrutífera. Estes desejos interiores disfuncionais, que habitam o nosso coração, quando nós damos espaço pra eles, esse desejo interior cresce e sufoca a influência da Palavra de Deus na nossa vida, tornando essa Palavra que nós escutamos, que nós aprendemos, uma Palavra infrutífera.

Votando ao v.14 da carta de Tiago, ele diz assim: “Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido”.

Olha como Tiago fala como é cruel esse desejo que nos influencia na direção contrária aos princípios de Deus. Primeiro ele faz isso, usando o verbo arrastar, que na língua original, o grego, significa ser atraído por hipnose, por uma força magnética.

Os nossos maus desejos têm o poder de exercer influência sobre nós com magnestismo ou como a hipnose.

E o segundo verbo seduzido, tem a ideia de controle, domínio. Quer dizer, esse desejo tem o poder de nos hipnotizar, tem o poder de nos atrair, tem o poder de nos controlar, tem o poder de exercer domínio sobre nós.

Interessante esses dois verbos, arrastado e seduzido. Nossos maus desejos, nossa epithymia, age continuamente nas nossas vidas, tentando nos influenciar na contramão dos princípios de Deus. É constante. Essa epithymia fica tentando nos arrastar e nos seduzir para a direção contrária a de Deus.

É como diz aquela frase de Domingo passado: “Vivemos numa época na qual temos sido todos treinados desde o berço para escolher por nós

mesmos o que é melhor para nós... As três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, são substituídas pela trindade pessoal dos meus Santos Desejos, minhas Santas Necessidades e meus Santos Sentimentos”.

E aqui a pergunta que nós precisamos fazer é: se nós estamos sendo treinados, cada um pra escolher o que é melhor pra cada um... a pergunta é: essa epithymia que habita em nós, em todo o ser humano desde a ruptura com Deus, vai nos favorecer na escolha do melhor caminho? Claro que não.

A questão é essa: se deixarmos o ser humano fazer o que ele deseja fazer, o que ele vai fazer? A epithymia, as coisas próprias dos seus maus desejos!

Peterson continua dizendo: “As três pessoas Pai, Filho e Espírito Santo são substituídas pela trindade pessoal: meus santos desejos, minhas santas necessidades e meus santos sentimentos”.

Então, homens e mulheres hoje, jovens, adolescentes, vivem sendo incentivados a tomarem decisões, a fazerem escolhas, na área afetiva, na área sexual, na área econômica, na área dos relacionamentos, tão somente baseados nos seus santos desejos, nas suas santas necessidades e nos seus santos sentimentos.

A grande questão é que Tiago nos diz, que esses santos desejos, essas santas necessidades e esses santos sentimentos, nada mais são do que a epithymia, ou seja, os maus desejos que nos arrastam, que nos seduzem na direção contrária dos princípios de Deus pra nossa vida.

Continuando, Tiago diz no v.15, que esse desejo, se damos espaço pra ele, ele dará à luz o pecado.  Perceba o verbo concebido (em algumas versões), significa literalmente tornar-se grávido.

Veja só: o mau desejo está em nós, ele tenta nos hipnotizar, tenta nos seduzir, tenta nos atrair, tenta nos controlar e quando isso acontece, nós engravidamos esse desejo dentro de nós; nós engravidamos da epithymia e aí, diz o texto, é dado à luz o pecado o pecado é a exteriorização do desejo.

O que era um mero desejo interior, ganhou espaço dentro da mente e agora se torna uma atitude exterior: o pecado. E com essa atitude exterior vem as consequências e a principal delas é a morte. Tiago diz: “o pecado, após ter-se consumado, gera a morte”.

Richard Foster fala das grandes áreas das tentações, resumindo tudo em três: dinheiro, sexo e poder. Essas são as três grandes áreas que constantemente, homens e mulheres, mais são tentados.

O desejo cresce dentro de nós e a gente vai dando espaço pra ele, achando que satisfazer o que desejamos, é a melhor opção, é a melhor coisa a fazer, e aí, quando o desejo se transforma numa atitude externa, o pecado, sofremos as consequências.

É a trilha da morte, trilha da morte. Me acompanhe nesse gráfico: A trilha da morte tem início com os desejos essa fascinação, essa epithymia que constantemente nos impulsiona na direção contrária dos princípios de Deus.

A epithymia nos arrasta, como a gente viu, nos seduzem na direção contrária a vontade de Deus, e se nós damos espaço para os maus desejos nos arrastarem e seduzirem, aí nós nos tornamos grávidos desses desejos e por uma questão de tempo, o pecado vai nascer, vai ser dado à luz.

E quando o pecado nasce, Tiago diz no v.15, quando o pecado é consumado, a morte é gerada. A morte espiritual, a morte de um relacionamento tão lindo, a morte de uma carreira bem-sucedida, a morte de um sonho, e assim por diante.

O que nós precisamos, olhando para este gráfico, é perceber que, se existe um ponto de retorno, ele está nesta fase aonde os desejos querem nos arrastar, nos seduzir ou nos fazer grávidos. É aqui que está o ponto de retorno, é aqui que nós ainda temos condição de resistir.

Nessa fase, você deve se lembrar da cruz. Quando Jesus morreu na cruz, Ele morreu porque nós demos espaço para a epithymia, porque engravidamos um mau desejo dentro de nós e ele se consumou em pecado e o pecado nos pôs debaixo da condenação da morte.

Mas, Jesus levou sobre Si a nossa condenação. Jesus tomou a morte no nosso lugar e, agora, toda pessoa que olha pra Jesus e crê que Ele levou sobre Si o nosso castigo, pode experimentar do perdão de Deus e desfrutar da vida eterna, como Deus sempre desejou que o homem desfrutasse.

E, sabe, mesmo quando entregamos nossa vida para Deus dirigir e abençoar, mesmo quando nos tornamos discípulos de Jesus, ainda continua existindo dentro de nós esses maus desejos, essa epithymia.

Dos maus desejos do coração, só na vida que vem depois desta com Deus, é que vamos estar livres.

Mas, enquanto isso não acontece, Tiago fala pra gente parar de dar desculpas para o pecado. Ninguém diga que é tentado por Deus porque Deus não tenta ninguém.

Não devemos também justificar o nosso pecado, dizendo: “Ah! pequei, foi porque o meu momento emocional não estava bom; foi porque o meu momento familiar não estava bom; foi porque o meu momento econômico não estava bom”. Tiago diz: “Deixa de mimimi e assuma com responsabilidade o seu pecado”.

Nesse ponto de retorno, tem uma frase de Martinho Lutero que se encaixa perfeitamente aqui, ele disse: “Eu não posso impedir que os pássaros voem sobre a minha cabeça, mas eu posso impedir que eles façam ninhos nela”.

Você não pode impedir que desejos maus surjam no seu coração, mas você impedir que eles tomem espaço, você pode impedir que sua mente e o seu coração fique de namorico com esses desejos. Esse ponto de retorno fica na nossa mente e no nosso coração.

Tiago escreve essa carta quando os discípulos de Jesus, espalhados pelo Império Romano, estavam justificando os seus erros, devido ao momento em que estavam vivendo, momentos de adversidades: “Ah! Você tem que entender, eu tô fazendo uns negocinhos desonestos aqui, mas é porque o momento está difícil”.

Talvez outros, com pecado na vida sexual, diziam: “Não, você tem que entender que emocionalmente eu não estou bem, por isso que cedi e o pecado aconteceu”.

O que Tiago está dizendo é: chega de mimimi, chega de desculpas. Está na hora de você assumir como discípulo de Jesus a responsabilidade de lidar, de maneira cristã, com a sua mente e o seu coração.

Mas, uma segunda coisa que Tiago diz de maneira simples e prática, é: chega de espiritualidade sedentária. Chega de sedentarismo em relação a Palavra de Deus.  Talvez, Tiago identificou que as igrejas do primeiro século estavam com muita gente obesa, espiritualmente falando.

O que ele diz? Olha só o v.22: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos”. Tiago fala agora da tensão entre ser praticante e ser meramente ouvinte da Palavra de Deus.

Esse é um perigo: passarmos semana após semana, ouvindo a Palavra de Deus, lendo a Palavra de Deus, porque participamos da Escola Bíblica no Domingo pela manhã, participamos no culto Domingo a noite, participamos da Célula no meio da semana, e vamos acumulando conhecimento, mas se não praticamos os ensinamentos, se não permitimos que a Palavra de Deus transforme as nossas atitudes, nos tornamos só ouvintes, ou noutras palavras, obesos espirituais.

Sedentarismo é o hábito da pessoa que não se movimenta muito, não se exercita.  Então, faz as contas comigo: se você escuta uma hora de pregação por semana, se você passa uma hora com a sua célula por semana, se separa de 15 a 20 minutos para o TSD (Tempo Sozinho com Deus), todos os dias, isto equivale a duas horas por semana, então isto significa que, por semana, você investe 4 horas na sua relação com Deus. Isto representa 18 horas ao mês e representa 208 horas ao ano.

O primeiro problema está aí: gasta-se mais tempo com Facebook, com Internet e TV, do que com práticas espirituais.

Se você quer crescer como discípulo de Jesus, você precisa investir na sua relação com Deus.

Você tem que investir na relação com a Palavra. E como vai a relação com a Palavra na sua vida?

Só quatro horas de exercícios espirituais semanais, é muito pouco. Sem pensar que muitas vezes a maneira como nós ouvimos o sermão ou participamos de um culto, é de maneira desatenta demais.

Agora, o que aconteceria se você decidisse levar muito a sério o culto da igreja, a pregação da Palavra de Deus, o momento de estar com a célula no meio da semana e, além disso, aumentar um pouquinho a sua dose diária de Palavra de Deus? E além disso, você acrescentasse 15 minutos de leitura diária de um livro cristão? Você estaria acrescentando mais conteúdo na sua vida.

Agora, não basta simplesmente você adquirir conteúdo. É muito importante ter conteúdo bíblico na vida, mas, tudo isso não tem efeito nenhum, se você não se tornar praticante da Palavra.

Saber de Bíblia ou frequentar igreja, pode nos tornar obesos espirituais, é o segundo problema.

O que é essa obesidade espiritual? É gente que tem conhecimento, é gente que acumula informação, é gente que sabe da Bíblia, mas que os princípios de Deus não penetram e não transformam as suas vidas.  A pessoa conhece a Bíblia, mas a família dela, o casamento dela, o negócio dela, continuam furados, medíocres. Por que? Porque os princípios de Deus ainda não transformaram a mente dela.

É o jovem que frequenta a igreja, recebe os ensinos, mas a vida afetiva dele, a vida sexual dele, ainda é refém da epithymia. Por que?

Porque a Palavra de Deus ainda nao penetrou e transformou o coração desse jovem.

Dois gênios da história nos ajudam a refletir. O primeiro é um gênio da pintura, Rembrantd. Olha o que ele diz: “Tente colocar em prática o que você já sabe; e fazendo isso, você descobrirá, com o tempo, as coisas escondidas sobre as quais agora você se questiona. Pratique o que você sabe e isso ajudará a tornar claro o que agora você não sabe”. Como é verdade isso!

Pessoas que começam a se dedicar em praticar a Palavra de Deus, ficam mais iluminadas. Com a prática, elas vão deixando de ser um ouvinte da Palavra e passam a ser mais atentas ao tomar decisões, ao fazer negócios, ao se comportar socialmente, e assim por diante.

Mas eu falei de dois gênios que ajudam a refletir. O outro é mais próximo da nossa realidade, é Paulo Freire, grande pedagogo, ele diz: “A teoria sem a prática vira verbalismo, assim como a prática, sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”.

É impressionante como isso também é verdade quando nos referimos à Palavra de Deus. Muitas vezes, pessoas escutam o que a Palavra de Deus diz sobre a família, sobre o casamento, sobre a sexualidade, mas e daí, nada muda nelas. Por que? Porque a vida só é transformada quando você pega a teoria e aplica à pratica. Como diz Paulo Freire, saber e praticar, esta é a ação criadora e modificadora da realidade.

Quando você conhece a Palavra de Deus e põe em prática o que conhece, aí acontece a transformação do seu casamento, a transformação do seu namoro, na transformação das coisas para você. É quando você deixa de ser ouvinte e passa a ser praticante dos princípios de Deus.

E aí, Tiago diz que esses que são meros ouvintes, estão engando-se a si mesmos. Conhecem a Bíblia, pensam que estão bombando, mas porque só conhecem e não praticam, estão se enganando. E Aristóteles, o grande sábio da Grécia, disse: “Não possuimos virtudes antes de colocá-las em prática”. A pessoa pode saber a Palavra de Deus, mas se não põe em prática na vida dela, não existe virtude nisso.

E veja o v.23-24, o exemplo que Tiago dá para clarear essa questão. Ele diz assim: “Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência”.

Imagina a cena: a pessoa se aproxima do espelho, observa como está vestida, observa a roupa, observa o rosto, o cabelo, e depois vira as costas e sai, e se esquece da sua própria imagem, não lembra mais do que viu.

E no tempo bíblico isto acontecia facilmente, porque os espelhos não tinham a resolução que têm hoje.

Mas o interessante é a função do espelho: é o auto-exame. A mulher que se olha no espelho é pra se auto-examinar, é pra conferir como ela está. Os homens também se aproximam do espelho para se auto-examinar. E Tiago compara essa função do espelho com a Palavra de Deus, que também é de nos proporcionar um auto-exame.

Só que a Palavra de Deus tem um fator adicional: ela nos apresenta não apenas o que somos, mas o que deveríamos ser.   

Ah! Quando nós lemos a Palavra de Deus, primeiro, ela revela quem nós somos. Você é levado a enxergar os seus erros, os seus pecados. Mas, interessante, a Palavra de Deus também coloca diante de nós uma imagem do que nós deveríamos ser. A imagem do que Deus quer que nós sejamos.

Então, a Palavra de Deus vai além do próprio espelho, que só reflete a nossa imagem. A Palavra de Deus reflete quem nós somos e nos convida a viver aquilo que Deus quer que nós sejamos.

Agora, concluindo, vem o v.25 onde Tiago chama os princípios de Deus, a Palavra de Deus, de “lei perfeita”, lei perfeita.

Lei na nossa cultura parece algo sem valor, sem importância, mas Tiago diz que a Palavra de Deus é uma lei que é perfeita. E mais, é uma lei que nos traz a liberdade.

O propósito de Deus ao dar os Dez Mandamentos, era justamente manter o povo que Ele havia libertado do Egito, em completa liberdade. A lei de Deus é dada para nos manter livres.

E Tiago termina o v.25 com uma promessa: ele diz que o homem que observar a lei de Deus, a palavra de Deus, será feliz em tudo o que realizar ou em tudo o que fizer, nos lembrando do Salmo 1.1-2: “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite”.

A promessa é: se você construir a sua vida baseado no valor da Palavra de Deus, nos princípios de Deus, Ele vai, no seu negócio, na sua família, nas suas relações, Deus vai derramar felicidade sobre a sua vida.

Dois desafios Tiago coloca diante de nós hoje. Ele vai direto ao ponto, ele é simples e prático: chega de desculpas em relação aos seus erros, aos seus pecados; chega de mimimi.

Segundo, chega de espiritualidade sedentária, vamos deixar de ser obesos espirituais. Vamos deixar de ser meros ouvintes e vamos ser praticantes da Palavra.

Amém? Dê um aplauso forte ao Senhor.

Pr Walter Pacheco da Silveira, baseado em IP Chácara primavera

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