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SOB A DIREÇÃO DO SENHOR

Salmo 23

 

1 O SENHOR é meu pastor, e nada me faltará. 2 Ele me faz repousar em verdes pastos e me leva para junto de riachos tranquilos. 3 Renova minhas forças e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome. 4 Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem. 5 Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda. 6 Certamente a bondade e o amor me seguirão todos os dias de minha vida, e viverei na casa do SENHOR para sempre.

 

Introdução

O versículo que vamos focar hoje é o de número 3, que diz: “Renova minhas forças e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome”.

O compositor do Salmo 23, inspirado pelo Espírito de Deus, é o rei Davi, que antes de se tornar rei de Israel, havia sido em sua juventude, pastor de ovelhas, sendo responsável pelo rebanho do seu pai.

E esta atividade deu a Davi, experiências sobre a natureza das ovelhas, incluindo o seu comportamento e até os maus hábitos, como por exemplo, o de vagarem sem direção.

Ovelhas são assim: mesmo que elas estejam sendo bem cuidadas, alimentadas e supridas nas suas necessidades, elas são facilmente atraídas por uma vegetação que está longe do seu pasto, e vão em busca dessa vegetação, e aí, a ovelha acaba se distanciando do rebanho e até se desgarrando do pastor.

Longe do aprisco, indefesa, algumas vezes até tombadas, de pernas pr’o ar, essas ovelhas ficam vulneráveis aos lobos.

Eu ouvi dizer que no Oriente Antigo, era normal um pastor usar o seu cajado para quebrar uma das patas da ovelha rebelde, que fugia pra longe do rebanho. Eu não consegui confirmar isso, mas na época primitiva, é completamente possível que realmente tenha sido assim.

O fato é que a ovelha precisa aprender a viver a vida do aprisco, sob os cuidados do pastor.

Porque a ovelha não é um animal esperto. Ela é, inclusive, muito dependente da direção do seu guardador, do seu pastor.

Então, o certo é o seguinte: o pastor, que cuida das ovelhas, é quem determina a hora da mudança de lugar à procura de pastos melhores e o caminho pra chegar lá.

Quando partir, aonde ir e o caminho a seguir, são decisões que o pastor toma, cabendo às ovelhas seguir a direção que o pastor dá. O pastor guia, conduz o rebanho.

É assim que deve ser o nosso relacionamento com Deus!

Como ovelhas, não somos espertos e independentes. Precisamos de Deus, precisamos do Senhor.

O profeta Samuel, do Antigo Testamento, descreveu muito bem como deve ser a relação do homem com Deus, da criatura com o seu Criador.

O profeta Samuel disse assim (1Sm 12.20-22): “Não tenham medo”, disse Samuel. “Certamente agiram mal, mas, agora, sirvam ao SENHOR de todo o coração e não se afastem dele. 21 Não se desviem dele para adorar deuses sem valor que não podem ajudar ou livrar vocês; eles são completamente inúteis! 22 O SENHOR não abandonará seu povo, pois isso traria desonra para seu grande nome. Pois agradou ao SENHOR fazer de vocês seu próprio povo.”

 

Então, a ovelha deve ser submissa à direção do seu pastor, do seu cuidador. E, sabe, sendo submissa, a ovelha descobre que ele é bom e que, fora do aprisco, não há lugar melhor e mais seguro para se viver.

É como Jesus falou (Jo 10.7-15): “Eu lhes digo a verdade: eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os ouviram. 9 Sim, eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo. Entrará e sairá e encontrará pasto. 10 O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para lhes dar vida, uma vida plena, que satisfaz. 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica sua vida pelas ovelhas. 12 O empregado foge quando vê um lobo se aproximar. Abandona as ovelhas porque elas não lhe pertencem e ele não é seu pastor. Então o lobo as ataca e dispersa o rebanho. 13 O empregado foge porque trabalha apenas por dinheiro e não se importa de fato com as ovelhas. 14 “Eu sou o bom pastor. Conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15 assim como meu Pai me conhece e eu o conheço; e eu sacrifico minha vida pelas ovelha”.

 

Portanto, quanto a nós seres humanos, homens e mulheres, ficarmos juntos ao Bom Pastor, às vistas dEle, vivermos na presença de Deus, esse é o lugar certo para se estar. É uma loucura que você comete, querer viver a sua vida independente de Deus.

A vida neste mundo é muito dinâmica e cheia de atrativos. Porém, considere isso, somos como ovelhas e o Senhor é o Bom Pastor, atento e cuidadoso.

Por isso, nas decisões que precisamos tomar, nos caminhos que precisamos andar, nas atitudes que precisamos assumir, qual a melhor coisa a ser feita? É seguirmos a direção que o Senhor Deus dá.

Sobre os caminhos que há pela vida a fora, tem um provérbio bíblico que diz assim (Pv 14.12 - NVI): “Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte”.

No que diz respeito às ovelhas, o escritor Charlles Swindoll conta que o pastor típico da Palestina no período bíblico, era um mestre em identificar trilhas.

O cuidador de ovelhas olhava para o terreno e conseguia identificar que alguns caminhos eram feitos por outros animais, alguns até predadores de ovelhas, e que outros caminhos eram feitos por ladrões que ficavam à espreita afim de pegá-las.

Aos olhos das ovelhas, os caminhos são iguais. Então, o que elas normalmente fazem? Se deixam domesticar, se submetem à direção do pastor.

A impressão que dá é que, de alguma forma, as ovelhas aprendem que o seu cuidador, o pastor, sempre as guia pelas “veredas da justiça”, como diz o Salmo 23.

“Veredas da justiça” significa caminhos certos, seguros. Afinal, é a reputação do pastor que está em jogo, por isso que se diz: “por amor do seu nome”. Porque o bom pastor não conduz as ovelhas para o precipício, para os barrancos e lugares perigosos. Se ele faz isso, não estará sendo um bom pastor e ninguém irá contratá-lo. Logo, por amor ao seu nome, ele conduz as ovelhas por caminhos certos e seguros.

 

Então, o pastor é quem determina a hora certa e o caminho correto para as ovelhas do seu rebanho.

Pois bem, o povo de Deus precisa de direção, precisa saber qual é a vontade de Deus para tudo em suas vidas; precisa também discernir o tempo e a maneira de se cumprir os planos do Senhor.

Mas, muitas vezes, saber o caminho a seguir, ou entender qual é a vontade de Deus para a nossa vida, pode não ser muito fácil.

Alguns até costumam se expressar dizendo assim: “Eu tenho que descobrir qual é a vontade de Deus pra mim”, como se a vontade de Deus estivesse encoberta, escondida e o nosso trabalho fosse descobrir, localizar o esconderijo pra poder dizer: achei a vontade de Deus.

Ora, o maior interessado em que nós conheçamos a vontade de Deus, é Deus. Não é do interesse dEle esconder o que Ele quer de nós.

Então, falar em descobrir a vontade de Deus, não é a melhor expressão pra ser usada. Melhor é dizer: “Eu quero saber e compreender a vontade de Deus para a minha vida”, porque ela não está escondida.

O pastor John Piper, de 74 anos e autor de dezenas de livros publicados em português, resumiu “quatro maneiras de Deus guiar o Seu povo”.

 

John Piper ensina que Deus nos guia de quatro modos: por decreto, dando direção, pelo discernimento e por meio de uma declaração.

Por decreto, isto significa que Deus, soberanamente, decreta e planeja circunstâncias que nos levam ao ponto onde Ele quer que cheguemos.

Por exemplo: a Bíblia conta do apóstolo Paulo e Silas, que eles foram colocados numa prisão, e por conta disso, dessa situação, tanto o carcereiro como toda a sua família, creram em Deus (At 16.24-34).

Quer dizer: era plano de Deus salvar o carcereiro e sua família, levando Paulo e Silas até aquela prisão, mas de modo algum, isso não era plano de Paulo. Mas, Deus estabeleceu que seria assim e assim foi. Deus age dessa forma porque Ele é soberano; Ele é Deus!

Muitas vezes, Deus nos coloca em lugares onde não fizemos planos de estar. E lá, Deus nos abençoa e Deus nos usa para sermos uma bênção na vida de alguém.

Essa maneira de Deus dirigir a nossa vida, a Teologia chama de decreto. É uma forma especial. Deus quer assim e “ninguém pode frustrar os planos” dEle. – Jó 42.2).

 

O segundo modo de Deus guiar nossa vida, é através da direção clara que Ele dá através dos mandamentos e ensinamentos que estão na Bíblia, nas Escrituras Sagradas.

Os ensinamentos bíblicos nos dão direção específica sobre o que fazer e o que não fazer. Por exemplo, os Dez Mandamentos: não roube; não mate; não minta, não tome o nome de Deus em vão...

Outro exemplo: no Sermão do Monte Jesus instrui: ame os seu inimigos etc.

Ao ler as cartas do Novo Testamento, você vai ver claramente que Deus quer que você seja cheio do Espírito Santo; revestido de humildade; que não se ponham em jugo desigual com os descrentes... etc.

Então, veja, Deus nos guia através da direção que está revelada na Bíblia. Você não precisa descobrir a vontade de Deus, porque ela não está escondida. Você precisa buscar, ler a Bíblia, ouvir, procurar estudar, entender.

 

A terceira maneira do Senhor nos guiar, é por meio do discernimento.

Veja bem: a maioria das decisões que tomamos, elas não estão especificamente reveladas ou escritas na Bíblia.

Não está escrito na Bíblia pra você se casar com a pessoa que mora no número 35 da rua tal. A Bíblia não diz que a sua profissão vai ser essa ou aquela. A Bíblia não diz pra você ir a pé ou de carro a tal lugar.

Como que a gente pode ter direção, então, para coisas tão importantes da nossa vida?

Ah! Ah O Senhor também nos guia por meio do discernimento. Discernimento é a capacidade que Deus nos dá de compreendermos as situações, capacidade pra separarmos o certo do errado, o que se deve do que não se deve.

Essa capacidade é desenvolvida. A gente vê pessoas com mais discernimento do que outras. Ora, quando nos relacionamos com Deus e buscamos as coisas de Deus, essa capacidade vai sendo aperfeiçoada.

Você participa da Escola Dominical, participa do culto da igreja, lê a Bíblia, ouve pregações da Palavra, se abastece com bom conteúdo, você vai conhecendo as coisas que agradam a Deus, que são da vontade de Deus. E aí, na hora que encontrar uma situação, você saberá discernir, terá a capacidade de separar o certo do errado.

Lemos em Rm 12.2, o seguinte: “Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês.”

Está vendo? Deus não declara abertamente o que Ele quer que seja feito, mas o Espírito Santo de Deus ajusta a nossa mente e o nosso coração para que tenhamos compreensão do que Deus quer. Esse modo de Deus nos guiar se chama discernimento.

 

E a forma número quatro, é a forma mais fora do comum que Deus usa para nos guiar, é a seguinte: por meio da declaração que Deus mesmo faz.

Quer dizer, Deus mesmo declara para nós o que devemos fazer. Isso é fora do comum, é sobrenatural, é extraordinário, e acontece.

Por exemplo, lemos na Bíblia, no livro de Atos 8.26 que “Um anjo do Senhor disse a Filipe: ‘Vá para o sul, para a estrada no deserto que liga Jerusalém a Gaza’. Então o Espírito disse a Filipe: ‘Aproxime-se e acompanhe a carruagem’.”

Essa maneira de Deus nos guiar é incomum; Deus mandar anjo pra dizer “vai por aqui”, é algo inusitado. Tem gente que vê anjo toda hora. Preste atenção, isto não é comum, não é frequente.

Mas, por mais impressionante que seja, a Bíblia nos dá alguns parâmetros de segurança.

Pra começar, ela diz: “Deus não é de confusão, e sim de paz” (1Co 14.33). E também adverte: “não acreditem em todo espírito, mas ponham-no à prova para ter a certeza de que o espírito vem de Deus, pois há muitos falsos profetas no mundo.”

Que Deus usa meios impressionantes para guiar os Seus filhos algumas vezes, declarando a Sua vontade, é fato, mas é preciso ter bom senso e sabedoria.

A Palavra de Deus nesses casos é: Ponha a prova para ter certeza de que é de Deus mesmo.

 

Conclusão

Amados, o salmista do Salmo 23 declara uma verdade: O Senhor que é o nosso Pastor, nos guia pelas veredas da justiça.

Deus guia o Seu povo, como bem mostrou o John Piper, por decreto, direção, discernimento e declaração.

E tudo isso fica tão simples e tão fácil, quando nos relacionamos mais de perto com o Senhor.

Então, quer saber a vontade de Deus para a sua vida? Quer viver na direção que Deus dá? Cole no divino Pastor e obedeça a Sua voz.

Se o Senhor for o seu Pastor, não lhe faltará direção; e você poderá dizer com fé: “Ele… me guia pelos caminhos da justiça”. Aleluia.

 

Pr Walter Pacheco da Silveira, 26.07.2020

Fonte: Leandro B Peixoto

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