top of page

A VISÃO DE NOSSA IGREJA

Mateus 28.19-20

 

O que quero compartilhar, inicialmente, com os amados é a experiência que temos tido em nossa igreja, a COMUNIDADE BATISTA KARIS, localizada no bairro da Penha, em São Fidélis-RJ.

A igreja começou em 2011, então, estamos para entrar no nosso terceiro ano. Portanto, somos uma igreja bem nova. Nossa origem é a Igreja Batista Central, que na época, liberou uma equipe de 55 irmãos para que desse início à Comunidade Karis.

Pois bem, nós estamos estruturados em células, somos uma igreja em células no que se denomina de a “Visão do MDA”.

MDA é uma sigla que significa “Modelo de Discipulado Apostólico”, que se explica por meio de quatro corações.

Vou explicar. O coração vermelho representa a Igreja do Senhor Jesus Cristo, de todos os tempos, em todos os lugares. É a igreja geral, por assim dizer, formada por todos os crentes, de todas as épocas, lugares e denominação. É crente, filho de Deus, vive ou viveu no Brasil, na África, Europa... não, importa, é crente em Jesus, então, faz parte da igreja do Senhor Jesus Cristo.

Agora, o coração da Igreja do Senhor Jesus é a igreja local. A Igreja Chave de Davi é uma igreja local, ela está localizada nesta rua, neste lugar. A Comunidade Karis, é uma igreja local, está localizada lá em São Fidélis. Então, cada igreja local é uma expressão da igreja geral do Senhor Jesus Cristo. Ela é representada aqui pelo coração azul.

Observe, agora, que a igreja local também tem, por assim dizer, um coração, que conforme lemos em Atos 2.46, é a reunião dos pequenos grupos, ou células, conforme chamamos.

O texto diz que a igreja se reunia no templo e nas casas! Quem não entende esse negócio da igreja estar organizada em células, em pequenos grupos, é só fazer uma ginasticazinha no raciocínio e pensar: então, a igreja tinha dois tipos de reuniões, uma no templo e outra nas casas.

E, claro, no templo a reunião é grande, é para uma multidão... mas nas casas, não dá para a igreja toda se reunir, a não ser em grupos, em pequenos grupos. Então é isso, o coração da igreja local é a célula, a reunião do pequeno grupo, representado pelo coração amarelo.

 

Agora, na visão do MDA, isto é, do Modelo de Discipulado Apostólico, o coração da célula é o discipulado e este discipulado é feito base do um a um.

É importante você compreender isto, porque tem havido diferentes conceitos de discipulado.

Um conceito muito comum, por exemplo, é ter uma classe de discipulado na igreja. As pessoas se reúnem, recebem uma revista, uma apostila, e vão estudar juntas algumas lições. Muitas vezes, as lições são até muito preciosas, mas sabe, não era assim o discipulado que Jesus praticava.

Outro conceito de discipulado é aquele que uma pessoa combina com a outra e diz pra ela: “Olha, agora que você é um crente, está aqui um livro, uma apostila, pra você estudar e toda semana, eu vou parar com você para corrigir a lição”. Também não era assim que Jesus discipulava.

Então, como era que Jesus fazia? Qual era o método de discipulado praticado por Jesus e seguido depois, pelos apóstolos? ...ah! era o método relacional, de relacionamento, de convívio... Jesus andava com os Seus discípulos. Ele não colocou apostila na mão deles, simplesmente, Jesus andava com eles e, enquanto andava, ensinava a obedecer aos princípios de Deus.

E, irmão, qual foi a ordem que Jesus deu e que lemos em Mt 28.19? Está escrito: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.

Então, esta é a visão do MDA - é a igreja organizada em células, em grupos pequenos e em micro-células de discipulado, onde um é discipulador do outro.

Então, na visão do MDA, a gente não coloca um livro na mão da pessoa, a gente se relaciona com ela, anda junto, conversa, trabalha, até brinca, e enquanto isso, vamos transferindo para o outro aquilo que temos recebido de Deus.

O discipulado um a um é aquilo que está em 2Timóteo 2.2, o apóstolo Paulo disse para Timóteo: “Tome os ensinamentos que você me ouviu dar na presença de muitas testemunhas e entregue-os aos cuidados de homens de confiança, que sejam capazes de ensinar outros”.

 

Paulo estava dizendo: “Timóteo, passe adiante o que você ouviu de mim”. O discipulado é isso, irmão, é você passar para outros o que você tem recebido.

Você aprendeu que deve orar, aprendeu que a Bíblia deve ser lida, aprendeu que o dízimo deve ser entregue... você aprendeu que não se deve provocar a ira nos filhos... aprendeu que a esposa deve ser amada... aprendeu que os compromissos devem ser honrados... então, discipular é transferir isto para o discípulo.

Por isso que, na minha opinião, a melhor gravura para ilustrar o discipulado é a gravura do guarda-chuva. O discipulado é cobertura espiritual... ter um discipulador é você ter uma cobertura, é ter alguém cuidando, protegendo você.

Agora, como isto é feito na prática? ...existem alguns critérios importantes. Ora, se alguém vai transferir da sua vida para a vida do outro, é necessário atentar para algumas qualificações.

Quem pode discipular, ser um discipulador? É fundamental que seja alguém de boa conduta! Então, no MDA é assim: só pode ser um discipulador, quem estiver sendo discipulado.

E isso começa do nível da liderança... eu sempre desejei implantar o MDA em nossa igreja, mas eu não tinha um discipulador, eu não estava sendo discipulado. Então, a primeira providência que precisei tomar foi essa: buscar um discipulador para mim, alguém que pudesse cobrir a minha vida com oração, cuidado, orientação... somente depois de ter um discipulador é que eu comecei a discipular.

O meu discipulador é o pastor Bruno Monteiro, de Maricá-RJ. Eu não posso estar com ele todo mês, mas sabe como eu faço? ...eu ligo pra ele. Nós combinamos um dia e um horário para o discipulado acontecer toda semana. É por telefone, mas acontece!

Então, essa é a primeira dica: para o discipulado funcionar bem, estabeleça o dia e o horário para você estar com o seu discípulo.

Aquela coisa assim: “Qualquer dia, qualquer hora a gente se encontra, seja onde for...”. Não funciona. Isso só serviu bem de canção romântica pra Roberto Carlos: “Qualquer dia, qualquer hora a gente se encontra, seja onde for, pra falar de amor, Pra matar a saudade da felicidade”.

O discipulado não pode ser na base do “qualquer dia nem da qualquer hora”... precisa de dia e horário definidos, e é assim: é um encontro entre discipulador e discípulo - homem discipula homem, mulher discipula mulher.

E para fluir bem, não é bom que um solteiro discipule um casado; quem é casado pode discipular solteiros, mas não é bom que alguém solteiro discipule alguém casado.

Outra dica preciosa: é o discípulo que vai ao encontro do seu discipulador. É muito comum a gente pensar assim: “Humm, irmão Fulano, tá que tá precisando de discipulado”. Aí, nomeia-se um discipulador para ele.

Olha, isso também não funciona. O discipulado deve ser dado a quem quer, por isso, a recomendação é que o discípulo procure pelo discipulador. E, normalmente, o discípulo é que vai à casa do discipulador. É aquele ditado: “Quem não chora, não mama”.

Porque, sabe, nada forçado, funciona. O discipulado não pode ser obrigatório, a pessoa precisa querer.

É nesse estágio que estamos hoje lá na Comunidade KARIS.

No começo, pensando estar fazendo a coisa certa, eu designei: “José vai discipular João. Tereza vai discipular Maria, e Francisca vai discipular Raquel...”, mas não funcionou. Por duas razões: a primeira é essa: a pessoa precisa querer; e segunda razão, é preciso respeitar os vínculos naturais entre as pessoas.

Se o José tem uma afinidade muito legal com o Pedro, tão legal que ele abre o coração mesmo, fala com transparência, não esconde nem quando está aborrecido..., então, é um erro ignorar esse vínculo. De maneira natural, espontânea, o Pedro já é um discipulador do José.

 

Então, hoje, nós estamos conquistando as pessoas para o discipulado um a um... há pessoas que já estão sendo discipuladas na célula, outras ainda não, e algumas até falam “Ah! Eu não preciso de discipulado”. A gente deixa, não obrigamos ninguém a ser discipulado; apenas ensinamos e mostramos como é abençoador e vantajoso caminhar na vida espiritual debaixo da cobertura de um discipulador.

E sabe, tem até casos de alguns que estão sendo discipulados, sem saber. Eu disse pra um líder de célula: “Discipulado é cuidado... comece a cuidar de Fulano; mas não conte pra ele, não!” E, eu já soube que está sendo uma bênção, viu!

Agora, quando se é um novo convertido, aí é diferente. Nesse caso, o discipulador falta pouco para carregar o discípulo no colo, porque é novo convertido - e novo convertido é como bebê recém-nascido: você não pode dizer: “Parabéns, por ter nascido; Você agora é um filho precioso... então, aqui está a mamadeira, a chupetinha, a fraldinha... na hora que você quiser, é só pegar!” Não é assim! Aliás, fazer isso a um recém-nascido é um crime!

Mas, sabe, é justamente o que fazemos quando falamos pra um novo-convertido: “Olha, parabéns! Você agora é um filho de Deus, então, olha, Domingo a noite tem o culto da igreja, durante a semana tem a célula, tem o culto de oração... apareça, viu! Você é muito importante para nós!”

Meu Deus, que crime mais hediondo! ...novo convertido não caminha com os próprios pés, ele é muito novinho ainda! Então ele precisa ser carregado pra célula, carregado pro culto, carregado pro discipulado... Alguém disse que o novo convertido precisa de carinho e de carrinho.

 

Outra dica valiosa: o líder da célula é o responsável por estabelecer o discipulado um a um na sua célula. É o líder que vai garantir que todos estejam sendo bem cuidados na sua célula.

Então, ele organiza o MDA, isto é, cada dupla “discipulador-discípulo”, é um MDA, é uma micro-célula de discipulado.

Então, o líder vai verificar: “Irmão, quem é o seu discipulador? Você está sendo discipulado? Você já tem alguém cuidando e se importando com o seu crescimento?” Aí, suponhamos que a pessoa diga: “Não, eu não tenho discipulador ainda”. Então o líder vai dar os passos necessários para conseguir um discipulador para aquela pessoa. O líder vai perguntar assim: “Você pode me falar o nome de três irmãos (ou irmãs, no caso de mulher) que, você gostaria, pudessem servir por seu discipulador ou discipuladora?” Aí, vem o segundo passo: você vai falar: “Olha, agora aguarde. Eu vou verificar qual desses três está disponível e eu volto com a resposta. Está bom, amado irmão?”

Por que a gente faz assim? É pra evitar constrangimentos, porque, às vezes, a pessoa não pode discipular; ela já tem discípulos demais, então ficaria sobrecarregada.

Mas, aí, se a própria pessoa for perguntar: “Hei, irmão, você me discipula, você pode ser o meu discipulador?” O outro poderá ficar sem jeito de falar que não pode ou se falar, a pessoa poderá ficar imaginando assim: “Ah! Ele é que não quer ser meu discipulador... se fosse com fulano ele bem que gostaria”.

 

Então, pra evitar isso, o líder é que vai verificar e volta com a resposta. Se tudo estiver “ok”, então, os dois entram em contato e começam o discipulado.

Agora, para concluir, um ponto importante a ser considerado é o seguinte: O que é que se faz num encontro de discipulado? ...quando o discípulo vai à casa do discipulador, o que é feito, o que acontece nesse encontro?

Olha, quando o discípulo é um novo convertido, você até deve usar algum material de orientação pra ele. Por exemplo, a apostila “Acompanhamento Inicial”, com 8 lições... eu também gosto muito de um material chamado “O Que Jesus Deseja Que Você Faça”, é muito prático e, através de materiais assim, o discipulador vai ensinando o valor de orar, de ler a Palavra, de congregar na célula e na celebração da igreja...

Mas, mais importante que o material, é o discipulador transferir suas experiências de vida com Deus para a vida do seu discípulo.

Então, uma das primeiras coisas a serem ensinadas ao discípulo é esta: o TSD - Tempo Sozinho com Deus, até, pra ele não ficar dependente do discipulador, mas dependente de Deus.

Se a gente não ensina isso, o discípulo vira aquele crente do tipo “ceis ora”: “Ceis ora por mim, irmão!”

 

Amados, ter a igreja estruturada em células e no discipulado um a um, é cumprir a ordem de Jesus que estabelece “ide e fazei discípulos”.

Eu não conheço forma melhor da igreja obedecer ao mandamento de Jesus, do que ela estar estruturada em células e na visão do MDA.

 

Pr Walter Pacheco da Silveira

bottom of page