TRATANDO DA RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS
Gênesis 4
A maior parte de vocês sabe que eu tenho um irmão e uma irmã. Você agora entende a minha dor? A única coisa boa a respeito disso é que eu sou o mais velho. Meu irmão é o caçula da família e teve muito mais privilégios que eu e minha irmã. Então, em complô com minha irmão, nós estávamos sempre buscando uma maneira de atormentar a vida dele. Eu lembro de uma fase na sua infância que ele achava que sofria de falta de ar. Era só ele lembrar de respirar que a falta de ar vinha, bem... eu e minha irmã sentávamos perto dele, olhávamos um para o outro e depois olhávamos para ele e em seguida dávamos uma boa inspirada de ar... era o suficiente para despertar a falta de ar nele e nos fazer sentir bem
Bem... provocar meu irmão sempre foi um exercício prazeroso para nós e para mim em especial. Um dia eu voltava da Igreja à noite quando o vi sair de um edifício onde morava um de seus amiguinhos, atravessar a rua e entrar na portaria de nosso prédio. Sem que ele me visse, eu corri e entrei atrás dele. Ele já subia o segundo lance de degraus quando comecei a subir as escadas fazendo um som aterrorizante. Sem saber que era eu e completamente tomado de pânico, ele gritou o mais alto que pôde, correu o mais rápido que uma criança na idade dele conseguiria e entrou em casa aos berros. Meu pai estava cochilando no sofá e sem saber o que estava acontecendo acordou completamente atordoado. Percebendo o que eu havia feito, entrei em casa com ar de quem não sabia de nada. A cena que eu assisti me apavorou. Meu irmão corria ao redor da sala e atrás dele corria o meu pai completamente desnorteado.
Nós estamos em uma série de mensagens chamada: “Esperança para sua casa” e hoje vamos falar desse tema: Tratando da rivalidade entre irmãos.
Há duas semanas nós aprendemos que parte de nosso papel na educação de filhos é preparar, afiar e então lançar nossos filhos como flechas apontadas para o objetivo que é a glória de Deus. Nós devemos guiar nossas crianças e então deixá-las ir. Nós também estabelecemos esta verdade relativa às famílias: Se Deus não abençoar, será uma bagunça.
Na semana passada Deus mexeu com cada um de nós a fim de admitirmos que todos nós temos um problema com a culpa: Não jogue o jogo de culpa; declare-se culpado e evite a vergonha. Para manter aquele sermão vivo, vamos gastar alguns minutos para lembrar uma das tarefas de casa. Nós fomos desafiados a fazer de nossas casas uma área de nenhuma desculpa, talvez até colocando alguns cartazes em lugares bem visíveis. Nós também desafiamos as pessoas a fazerem um som de campainha toda vez que ouvirmos uma criança (ou um pai) colocando a culpa em alguém ou dando uma desculpa: Peeeeeeee!
Irmãos na Bíblia:
Uma de nossas metas é ajudar a entender que as famílias na Bíblia não eram perfeitas, e nem nós somos. O que nós vemos na Bíblia é mais disfuncional que funcional, especialmente quando se trata da rivalidade entre irmãos. Relacionado a isso, por favor, não sinta que você não se ajusta aqui – nessa igreja – só porque sua família não funciona perfeitamente também. Qualquer que seja sua situação, como sua família-Igreja, nós estamos nessa juntos, e isso nos ajuda a nos conectarmos melhor com Jesus e ser equipados para sermos seguidores crescentes e fiéis em nossas famílias.
Essa semana eu ouvi a história de um homem que tinha se divorciado recentemente e que estava freqüentando uma igreja e percebeu que ele nunca teria a “família certa”. Ele foi embora e não voltou a Igreja por 15 anos. Amigos, qualquer que seja sua situação de família, é nossa oração que você faça dessa igreja a família certa para você.
Quando eu penso nos relacionamentos entre irmãos na Bíblia, eu lembro que muitos deles eram cheios de rivalidade, ciúme, ódio e até assassinato. Lia e Raquel não eram apenas irmãs, elas se tornaram rivais. A maior parte de nós está familiarizada com o Filho Pródigo, mas nós realmente poderíamos chamar esta parábola a “história de dois irmãos que acabaram se distanciando.” Um saiu de casa fisicamente enquanto o outro permaneceu e reclamou quando seu papai mostrou graça para o irmão rebelde. Maria e Marta são duas irmãs que tiveram seu próprio conflito, mas se uniram quando seu irmão Lázaro morreu.
Para nossos propósitos hoje, eu quero que nós olhemos para algumas histórias de irmãos no Livro de Gênesis. Eu ouvi um pastor se referir a Gênesis como um livro sobre rivalidade entre irmãos. Eu vou recontar brevemente cinco histórias de irmãos diferentes e então destacar uma declaração de contraste para nos ajudar a ver o que Satanás pretende fazer com os irmãos e qual é o desejo de Deus.
Caim e Abel (Gn. 4).
Vamos voltar ao sermão da semana passada. O primeiro pecado aconteceu no contexto do casamento e o primeiro registro de assassinato foi entre irmãos. Deus pergunta a Caim, “Onde está seu irmão Abel?” Caim vai de um ofertante desmerecedor a ficar bravo, de cometer um assassinato a ocultar o corpo do seu irmão e no v. 9 ele mentiu e negou: “Eu não sei.” E então ele pergunta aquela pergunta famosa, “Por acaso eu sou o guarda de meu irmão?” Realmente, sim você é. Ou, pelo menos você deveria ser.
O que Satanás quer: Competição espiritual.
O que Deus quer: Conexão espiritual.
A maior parte de nós conhece nossos irmãos muito mais do que nossos amigos, assim faz todo sentido desenvolver uma relação espiritual com eles. A probabilidade de ter uma amizade longa é perto de zero, mas a conexão entre irmãos durará para sempre. Ao contrário do que Caim questionou, se você tem irmãos, você é o seu guardião!
Sem, Cam e Jafé (Gn. 5-9).
Nós poderíamos falar muitos sobre esses irmãos, mas vamos focar apenas em um aspecto – que eles trabalharam junto com seu pai Noé construindo a arca. Você sabe quanto tempo eles trabalharam juntos? Nem eu. Alguns acreditam que levou de 3 a 4 anos inteiros; enquanto outros comentaristas pensam que durou cerca de 100 anos. Você pode imaginar irmãos trabalhando juntos apenas por alguns segundos, e o que dizer trabalhar lado a lado por décadas?
O que Satanás quer: Irmãos trabalhando separadamente em seus próprios projetos.
O que Deus quer: Irmãos trabalhando juntos nos propósitos de Deus.
Nós vemos isso nos livros que seguem imediatamente após o Gênesis quando três irmãos trabalharam juntos para os propósitos do Reino. Miriam salvando seu irmão Moisés quando ele era um bebê, e em seguida seu outro irmão Aarão se tornou o porta-voz de Moisés. Eles tiveram alguns problemas mais tarde com a inveja e a rivalidade, mas eles trabalharam nisso a fim de servirem juntos aos propósitos de Deus.
As filhas de Ló (Gn. 19).
Eu não quero descrever o que é que estas duas irmãs fizeram com seu próprio pai porque é tão terrível, mas eu quero destacar que o próprio Ló não protegeu sua esposa ou suas filhas em outra ocasião.
O que Satanás quer: Os irmãos tentem um ao outro para o pecado.
O que Deus quer: Os irmãos protejam e encorajem um ao outro em direção a santidade.
Eu quero fazer algumas sugestões em relação a isso:
1. Os pais devem aplicar fortes e imediatas conseqüências quando um irmão levar os outros irmãos a pecarem.
2. Encoraje os irmãos a apoiarem um ao outro naquelas áreas em que eles precisam de ajuda.
3. Seja intencional sobre criar uma atmosfera onde os irmãos afirmam um ao outro com palavras positivas. Os aniversários são boas ocasiões para todos falarem o que mais gostam no outro.
Jacó e Esaú (Gn. 25-27).
Nós não temos tempo esta noite para entrar em uma descrição detalhada da relação entre Esaú e Jacó porque isso cobre basicamente 11 capítulos, mas eu quero destacar algumas coisas.
Isaque se casou com Rebeca e quando ela ficou grávida percebeu que daria a luz a gêmeos. Até antes de nascerem começaram a lutar entre si. Eles estavam em guerra ainda no ventre de sua mãe. Quando Jacó nasceu, ele veio segurando o calcanhar de Esaú.
Como é freqüentemente o caso com gêmeos, estes dois meninos eram muito diferentes um do outro. Esaú era um caçador peludo e grosseirão tipo marombeiro, enquanto Jacó era um mauricinho que gostava de usar roupas de marca. Gn. 25:28 nos dá uma pista sobre o erro que os pais cometeram escolhendo cada um seu favorito: “Isaque preferia Esaú, porque gostava de comer de suas caças; Rebeca preferia Jacó.”
Como resultado, eles experimentaram uma vida inteira de conflito e competição. Uma vez quando Jacó estava cozinhando uma espécie de guisado, Esaú chegou faminto do campo e negociou seu direito inato, que era o direito da herança como o filho mais velho, por uma tigela de sopa.
Mais tarde, com a ajuda de sua mãe, Jacó engana seu papai e recebe sua bênção em vez de Esaú. Esaú enfurecido quer matar Jacó. Veja Gn. 27:41: “Esaú guardou rancor contra Jacó por causa da bênção que seu pai lhe dera. E disse a si mesmo: "Os dias de luto pela morte de meu pai estão próximos; então matarei meu irmão Jacó".” Como resultado, Jacó foge e fica longe de Esaú por 20 anos.
O que Satanás quer: Irmãos amargurados e distantes
O que Deus quer: Irmãos se reconciliem rapidamente.
Ef. 4:26,27 nos dá conselhos fortes para famílias em atrito: “Quando vocês ficarem irados, não pequem" Apazigúem a sua ira antes que o sol se ponha, e não dêem lugar ao Diabo.” A razão pela qual é tão importante lidar com a sujeira do dia-a-dia é porque a maioria do problemas tem efeito acumulativo de antigas questões não resolvidas. Alguns de nós temos um acúmulo de lixo com nossos irmãos e irmãs.
José e seus irmãos (Gn. 37-50).
A inveja é uma coisa ruim. Eu encontrei uma história do povo judeu sobre um dono de loja que foi visitado por um anjo que concederia ao homem um desejo de qualquer coisa. Mas havia uma condição. Seu rival, a quem ele invejava profundamente, receberia o dobro do que ele pedisse. Depois de pensar cuidadosamente, o homem invejoso pediu para ficar cego de um olho.
Jacó tem muitos filhos e infelizmente acaba escolhendo seus favoritos, assim como seus próprios pais fizeram como ele, e dá mais atenção a José e Benjamim. Em particular, ele dá a José um casaco colorido e os irmãos estão tão aborrecidos que decidem sumir com o próprio José. Gn. 37:4: “Quando os seus irmãos viram que o pai gostava mais dele do que de qualquer outro filho, odiaram-no e não conseguiam falar com ele amigavelmente.” Essa não foi a única razão dessa atitude, José também era um fanfarrão que ostentava o seu favoritismo. Em vez de matá-lo, eles o lançam em um poço e então o venderam para alguns viajantes que estão indo para o Egito.
O que Satanás quer: Irmãos cheios de ciúme, raiva e violência.
O que Deus quer: Irmãos que se perdoem um ao outro.
Levando para casa:
James Dobson oferece três sugestões para se conquistar um estado de paz em casa (“A Criança Determinada,” páginas 169-183).
Sl. 133:1: “Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!”
1. Não inflame o ciúme natural das crianças.
Os pais devem evitar comparações relacionadas a características físicas, inteligência e habilidades atléticas. Este último é particularmente poderoso como fica evidente neste bilhete escrito por um menino de nove anos para seu irmão de oito anos depois que outros meninos mais jovens o venceram em uma corrida: “Querido José: Eu sou o melhor e você é o pior. E eu posso vencer todo mundo em uma corrida e você não pode vencer ninguém em uma corrida. Eu sou o mais esperto e você é o mais calado. Eu sou o melhor jogador de esportes e você é o pior jogador. E você também é um porco. Eu posso vencer qualquer um. E isto é a verdade. E isto é o fim desta história. Seu querido irmão, Ricardo.”
2. Estabeleça um sistema de justiça.
[Pv. 17:1]: “Melhor é um pedaço de pão seco com paz e tranqüilidade do que uma casa onde há banquetes e muitas brigas.”
Aqui estão alguns limites que Dobson estabeleceu em sua casa:
1. Nenhuma criança é permitida rir do outro de um modo destrutivo.
2. O quarto de cada um é seu território privado.
3. A criança mais velha não é permitida implicar com a mais nova.
4. O mais jovem não é permitido hostilizar o mais velho.
5. Qualquer conflito genuíno é mediado pelos pais assim que possível.
3. Reconheça que o objetivo secreto da rivalidade entre irmãos é você.
Muitas vezes o mau comportamento é projetado para chamar a nossa atenção.
Como nós queremos que esta série de mensagens seja tão prática quanto possível, eu compilei 10 princípios de educação de filhos de várias fontes para nos ajudar a reduzir a rivalidade entre irmãos.
• Ensine o respeito mútuo.
• Não tenha favoritos.
• Não faça comparações.
• Não ignore o bom comportamento. Quando eles fizerem algo bom elogie.
• Qualquer criança, que exija ser a primeira, será a última.
• Seja justo, mas nem sempre iguale. Fatores como idade, confiança e maturidade fazem a diferença.
• Mostre que a criança é avaliada pelo que ela é, não pelo que ela faz.
• Tire tempo a sós com cada filho.
• Programe algumas reuniões de família ocasionais.
• Aja imediatamente quando a rivalidade for intensa.
Desafios finais:
Eu quero finalizar com três desafios.
1. Ensine seus filhos como lidar com o conflito.
Desde que nossas casas são realmente “centros de discipulado,” onde nós ensinamos lições para toda a vida sobre como seguir o Senhor, é importante que nós modelemos e ensinemos nossas crianças como lidar com conflito.
Muitos de nós ensinamos nossas crianças a dizerem: “Eu sinto muito” quando elas fazem algo errado ou têm um conflito com seus irmãos. Eu sugiro uma abordagem melhor e mais bíblica. É uma regra de três passos.
• Admita o que você fez: “Eu bati em você.”
• Reconheça o erro: “Eu estava errado.”
• Peça perdão: “Você, por favor, me perdoa?”
Eu sugiro que os pais sigam os mesmos passos e acrescento um quarto passo baseado em Pv. 23:26: “Meu filho, dê-me o seu coração;”
Quando um pai faz algo errado, ele deve dar esse passo final em direção a seu filho: “Você pode me dar seu coração?” Eu sugiro isso porque é tão fácil levantar muros quando nós somos feridos e esconder nosso coração da pessoa que errou conosco. Nós poderíamos pedir isso deste modo: “Mariana, você abrirá seu coração para mim novamente?”
2. Faça parceria para cuidar de pais idosos.
Quando nossos pais e avós ficam mais velhos, é importante que os irmãos aprendam isto agora mesmo – nós devemos trabalhar juntos para fornecer cuidado e suporte.
ITm. 5:4 diz que isto é um caminho para honrar nossos pais e avós e “…pois isso agrada a Deus.” Isto não é uma questão opcional. Escute o v. 8: “Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente.”
3. Reconcilie com seus irmãos.
Queridos, Deus pode estar chamando você para dar aquele passo desajeitado na estrada em direção a reconciliação com um de seus irmãos.
Eu tenho aqui algumas idéias para compartilhar com você na esperança de que isso o ajude nessa reconciliação:
Os pais precisam convencer os irmãos a tratar do conflito, não permanecerem no meio do conflito.
Tome a iniciativa com um telefonema.
Nós devemos ter certeza de que a raiz de amargura não tenha permissão para crescer. Hb. 12:15 diz, “Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos;”
Nós não sabemos o quão ruim as coisas estão até que conversemos.
Nós devemos assumir a nossa responsabilidade quanto ao conflito.
Nós precisamos expandir a comunicação dentro de nossas famílias.
O relacionamento é mais importante que coisas ou dinheiro ou qualquer herança.
Antes de pregar um sermão como esse é importante fazer uma avaliação de minha própria vida. Quando eu olho para meu relacionamento com meus irmãos, louvo a Deus. Somos irmãos e amigos. Nos amamos com um amor genuíno de irmão e de cristãos verdadeiros. Oro pela família de meus irmãos e me sinto muito a vontade para pregar esse sermão.
Você sabe que Jacó e Esaú se reconciliaram 20 anos depois de seu desentendimento? Mas isso não aconteceu até que Jacó tivesse que lutar com Deus. Deus o venceu, e Jacó foi humilhado e nós lemos em Gn. 32 que o trapaceiro, mentiroso, ladrão e cúmplice teve uma mudança tanto de coração como de nome – ele passou a se chamar Israel. No capítulo 33 ele envia presentes para Esaú e fala amorosamente com ele. Nós vemos três mudanças significantes – ele agora tem um espírito de coragem a medida que ele foi à frente de todos os seus homens para enfrentar Esaú. Segundo, ele tem um novo espírito de humildade – quando ele se curva sete vezes em direção ao chão, admitindo que estava errado. E em terceiro lugar, ele é agora uma pessoa de testemunho e adoração porque nos versos 5 e 11 ele diz: “Deus tem sido favorável para comigo.”
Eu amo a cena do v. 4: “Mas Esaú correu ao encontro de Jacó e abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram.”
Esaú perdoou seu irmão, mas eles ainda tinham alguns pontos a acertar. Os limites foram estabelecidos quando cada um seguiu seu caminho, em paz.
Queridos, limites são muito importantes nos relacionamentos saudáveis. Deixe-me também dizer que existe uma diferença entre perdão e confiança. O perdão deve ser estendido sem reservas, mas a confiança freqüentemente leva tempo para reconstruir. Deus quer que você perdoe, mas nem sempre isso significa que vocês precisam se tornar melhores amigos.
Nos capítulos finais de Gênesis, nós vemos que José perdoou seus irmãos e fez uma declaração atordoante em Gn. 50:20: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos.”
Arlenio Machado