SÓ SE FOR HOJE
Salmos 90.12
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio”. – NAA
Introdução
Tem uma declaração atribuída a um dos Dai-Lama, chefe de estado e líder espiritual dos tibetanos, que diz assim: “Só existem dois dias no ano em que você não pode fazer nada”. Ou como diria uma criança: “tem dois dias no ano que você não pode fazer nadica de nada”. Dois dias: o dia de Ontem e o dia de Amanhã.
Nós estamos numa série de mensagens sobre o tema Pura Mordomia, e hoje eu quero pensar com você sobre a mordomia das oportunidades.
As oportunidades do dia de ontem, passaram; pegou, pegou. Não dá para aproveitar mais. E as oportunidades do dia de Amanhã, não chegaram ainda, aliás, elas são tão incertas quanto o dia de amanhã, que de uma hora para outra, pode não acontecer.
Portanto, todos temos o dia de hoje; em realidade, temos o momento atual, o agora; o depois, não é garantido.
E sabendo que mordomia no conceito cristão, significa administrar, cuidar bem das coisas que Deus nos permite ter nessa vida, as oportunidades não podem ficar no descuido; não devemos ser desleixados com as oportunidades da vida.
Um bom mordomo, então, tratará as oportunidades com responsabilidade.
Eu sei que falar em mordomo hoje em dia, faz muita gente pensar nos filmes do Batman, porque lá em Gotham City, está Alfred, o fiel ajudador do super herói. A função de Alfred é a de mordomo, cuidar da mansão do Batman, ser o braço direito dele.
Nós somos mordomos de Deus! Esse mundo é de Deus, tudo pertence a Deus e nós temos a responsabilidade de administrar, usar e tomar conta.
É como está escrito em Gn 2.15: “O SENHOR Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (NAA). E assim é com as oportunidades. Deus nos dá; precisamos administrá-las bem.
Vou pontuar três coisas para você entender como é importante a mordomia das oportunidades.
No primeiro ponto tratarei do ensino de Jesus a respeito das oportunidades. No segundo ponto falarei sobre as espécies de oportunidades, e meu terceiro ponto será sobre a mais preciosa das oportunidades.
O ENSINO DE JESUS
Nós temos nos evangelhos duas parábolas pertinentes a este assunto: a Parábola dos Talentos, que está em Mt 25.14-30 e a Parábola das Dez Moedas de Ouro, em Lc 19.11-27.
Estas duas parábolas trazem lições preciosas sobre a maneira responsável e inteligente de como devemos nos conduzir como mordomos de nossas oportunidades. Estas parábolas ensinam como administrar os recursos de Deus.
Vou destacar a primeira parábola que fala dos talentos, que no caso, era nome de uma moeda grega que mais valor tinha. Um talento valia 35 quilos de ouro, ou de prata ou de bronze. Valia muito mesmo. Há quem diga equivaler a 1.600 dólares.
Pois bem, Jesus contou de um homem rico que haveria de passar um tempo fora do seu país e chamou seus três empregados e confiou uma quantia a cada um deles: passou cinco talentos para um, dois talentos para o outro e um talento para o outro.
A história é interessante. O empregado que recebeu cinco talentos para administrar, era do tipo bom de negócios. Ele duplicou o dinheiro do seu patrão.
O que recebeu dois talentos também fez o mesmo. Duplicou o dinheiro. Mas, o que havia recebido um talento, preferiu guardar no cofre, que naquela época era enterrar no chão mesmo. A pessoa olhava para um lado, olhava para o outro, conferia se não tinha ninguém vendo, cavava o chão e enterrava o dinheiro ali onde só ela sabia.
Esse empregado que guardou o dinheiro em vez de movimentar o dinheiro, nem para deixar na conta de poupança ele deixou; ele é chamado na história de servo inútil.
Por que ele mereceu esse nome? Porque negligenciou a oportunidade que teve para desenvolver o que o patrão lhe confiou. Talvez, ele tenha pensado: “Ah! Fala sério, é um talento só; eu vou guardar isso”.
Bem, era um talento apenas, mas era 1.600 dólares, quase 9 mil reais. Se ele achava pouco, não interessa, fosse pouco ou fosse muito, não era dele, era do patrão e ele devia administrar melhor.
O reino de Deus amarga prejuízos, quando nós crentes achamos pouco o que Deus confiou nas nossas mãos.
Deus te deu simpatia para receber as pessoas na porta da igreja, e você diz: “Ah! Simpático eu sou sim, mas deixa pra outro fazer isso; não vou gastar simpatia, não”. Enterrar simpatia é péssima mordomia.
Olha o que fez o patrão: o talento que esse mordomo infiel não desenvolveu, foi atribuído ao que havia recebido dez.
No v.29, Jesus explicou: “Porque a todo o que tem, mais será dado, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” (NAA).
O mordomo quando é fiel, quando cuida direito do que lhe é confiado, recebe maiores responsabilidades, que por sua vez, são maiores oportunidades para servir, para ser útil. Mas o infiel, não; ele perde até o pouco que não sabe usar.
Eu quero te dizer: Deus confiou recursos a você; pode ser dinheiro, mas pode ser habilidades, capacidade para fazer muito bem uma coisa. Se você enterrar, você vai ser responsabilizado e o reino de Deus vai sair perdendo.
A coisa certa a fazer é praticar a boa mordomia: você recebeu de Deus alguns recursos, algumas condições, desenvolva essas condições, use bem esses recursos. Não trate com desleixo. Não enterra, não guarda fora de uso, mas administre bem.
Agora, o ponto seguinte é:
AS ESPÉCIES DE OPORTUNIDADES
Existem duas espécies de oportunidades: tem as que aparecem diante da gente sem que seja preciso fazermos qualquer coisa e tem aquelas que temos de criar pelo nosso esforço.
Vejamos as oportunidades espontâneas, que surgem sem que seja preciso fazer nada. Elas são mais comuns do que se pensa; estão à nossa volta, esperando que as aproveitemos.
Mas, sabe, pessoas há que não enxergam as oportunidades. Elas estão aí e a pessoa não vê. Uma explicação por que não enxergam as oportunidades ao redor, é a miopia espiritual de que sofrem.
Pode acontecer conosco o que aconteceu com o servo de Eliseu.
Ele viu a cidade de Samaria cercada pelo exército inimigo e se encheu de medo (2Rs 6.14-15). O profeta Eliseu orou pedindo que Deus abrisse os olhos do seu ajudante, porque ele era servo de Deus; ele devia crer no sobrenatural, ele devia ver pelo ângulo da fé e não fez isso.
Pois o profeta orou e aí, seu ajudante pôde ver que o monte estava cheio, mas não era de inimigos, era de cavalos e carros de fogo da parte de Deus, em volta de Eliseu. II Reis 6:17.
Mas há muitos crentes assim: sofrem de uma miopia espiritual que faz com eles não vejam nas crises da vida, as oportunidades que Deus dá.
Conta-se que num certo lugar da Inglaterra, havia um ferreiro que costumava assobiar melodias, enquanto trabalhava, martelando sobre o ferro. Parecia uma araponga com seu grito de batida estridente de um martelo sobre a bigorna. Muita gente se incomodava com aquelas marteladas. Um dia, aconteceu um forte temporal que forçou um senhor a se abrigar na oficina daquele ferreiro. Era o famoso Haendel, compositor clássico, que ouvindo aquele assobio misturado ao ruído do trabalho do ferreiro, inspirou-se e compôs o musical conhecido pelo nome de Harmonioso Ferreiro.
Vê! Por casualidade, Haendel se abrigou do temporal naquela oficina e lá, ele concebeu uma obra prima da música clássica.
A gente precisa praticar isso: ver nas casualidades da vida, as oportunidades que elas trazem para algo novo ser produzido.
A tendência natural é reclamar das situações imprevistas ou desagradáveis. Mas não murmure; veja nas casualidades a oportunidade espontânea de ser uma bênção!
E tem as oportunidade criadas. A Bíblia nos dá um bom exemplo dessa espécie de oportunidade quando fala de Miriã, irmã de Moisés, famoso profeta do Velho Testamento.
A história é a seguinte (Ex 1.22): o malvado Faraó do Egito, havia ordenado que os meninos hebreus, naturais do povo de Israel, deveriam ser lançados no rio Nilo a fim de que morressem, porque, na opinião do Faraó, o povo hebreu estava se tornando extraordinariamente numeroso e forte e isto o ameaçava.
O bebê Moisés estava escondido fazia três meses pelos próprios pais, Anrão e Joquebede. A mãe, sentindo que não iria conseguir esconder o filho por muito tempo, resolveu fazer o seguinte: colocar o seu bebê dentro de um cesto que ela havia impermeabilizado com betume e pedir a filha Miriã que levasse e soltasse o cesto na beira do rio.
Miriã fez isso e ficou de longe, observando o que iria acontecer. E sabe o que aconteceu? Essa mocinha Miriã, soube transformar aquele problema sério e tão grave, em uma oportunidade feliz.
Ela escolheu deixar o irmãozinho no lugar mais próximo onde a princesa, filha do Faraó, costumava se banhar diariamente.
Aí, quando a princesa avistou o cestinho com um bebê que chorava lá dentro, ela teve compaixão, viu que era do povo hebreu, mas pegou e acolheu o bebê com carinho.
Ah! Nessa hora, Miriã deixou o esconderijo; chegou até à princesa e falou assim: “A senhora quer que eu arranje uma mulher israelita para criar o bebê?” A princesa aceitou. Miriã correu para casa e chamou a própria mãe e a princesa disse pra ela: “Leve para sua casa este menino e cuida dele para mim. E eu vou pagar pelo trabalho da senhora”.
Olha aí: Miriã conseguiu salvar o seu irmão, arrumou um emprego pra mãe, e passado um tempo, ela teve a alegria de ver seu irmão sendo usado por Deus para libertar o povo da escravidão. Miriã criou a oportunidade. Ela fez a hora!
Eu acho que o Geraldo Vandré que compôs aquele hino da resistência à ditadura militar em 1968: “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer”, eu acho que ele se baseou na história de Miriã. Quem é bom mordomo das oportunidades, tá ligado; faz a hora, não espera acontecer.
Em certa cidade havia uma senhora, conhecida como muito má. Porém, ouvindo a mensagem do evangelho, ela entregou a vida pra Jesus dirigir e abençoar. Certa vez, dando o testemunho da sua conversão em um local público, jogaram uma batata nela. Ela não se alterou, como certamente faria se não tivesse se tornado crente. Ela pegou a batata, pôs na bolsa e não se falou mais nisso. Passado um bom tempo, ela compareceu a uma reunião de mulheres da igreja, com um saco de batatas na mão, e explicou que a batata que atiraram nela, ela plantou e produziu outras batatas que agora ela podia compartilhar.
Olha só: ela criou a oportunidade de compartilhar batatas com as amigas. Você tá entendendo? Há oportunidades que a gente cria, não espera acontecer.
Agora, quero falar sobre a OPORTUNIDADE MAIS PRECIOSA que Deus nos deu.
É a vida; a vida é a oportunidade mais preciosa que Deus nos tem dado. E dependendo do modo você viver a sua vida, ela poderá ser uma bênção ou um fracasso.
Mas, se você for um bom mordomo, interessado em tornar a sua vida uma bênção para o mundo, você decidirá viver do modo mais seguro, correto e saudável.
Para isso, você precisa resolver com sabedoria o que irá fazer do seu dia de hoje, porque, lembra: tem dois dias em que você não pode fazer nadica de nada: o dia de ontem porque passou e o dia de amanhã porque é incerto.
Você não pode fazer nada com o dia de ontem nem com o dia de amanhã, mas do dia de hoje você pode, você pode administrar bem.
Por isso que o Sl 90.12 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio”.
Os dias da nossa vida precisamos aprender a contar. Dias não contados são dias não aproveitados, são dias em que nada de valor aprendemos ou fizemos.
Dias não contados são dias desperdiçados... você não fez nada ou não aprendeu nada que conta, na opinião de Deus. Nenhuma palavra de louvor saiu da sua boca, nenhuma influência sua ajudou alguém se aproximar mais de Deus. Então esse dia não conta.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes colossenses, abriu o coração declarando o seguinte: “...não deixamos de orar por vocês e de pedir que transbordem do pleno conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e entendimento espiritual. Dessa maneira, poderão viver de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus” (Cl 1.9-10 – NAA).
O apóstolo Paulo estava dizendo: “o dia que conta é o dia em que se vive de modo digno do Senhor, o dia que conta é o que se vive para o Seu inteiro agrado”.
O salmista pede pra Deus ensinar, porque a vida ensina, mas o que a vida ensina é ser esperto, é levar vantagem, é correr riscos, é investir mais pra ganhar mais... Então, o salmista pede a Deus e com insistência: “Senhor, nos ensina a aproveitar a vida! Nos ensina a viver bem e com sabedoria!”
Ele busca a Deus para ser o seu Professor, porque ele está entendendo: somente Deus sabe todas as coisas. Somente Deus conhece quantos dias restam da nossa vida. Somente Deus ensina lições que visam alcançarmos um coração sábio.
Ninguém nasce sábio, mas quem quer alcançar sabedoria, recorre a Deus e Deus ensina.
O apóstolo Paulo disse que se recebemos sabedoria e entendimento de Deus, vamos viver de modo digno do Senhor. E cada dia vivido desse jeito, de modo digno do Senhor, é o dia que conta.
Conclusão
Procura ser um bom mordomo das oportunidades. Tem as oportunidades espontâneas; aprenda a enxergá-las. E tem as oportunidades criadas. Não fica esperando, faça acontecer; as dificuldades podem ser transformadas em oportunidades.
E a oportunidade mais preciosa que você tem é a sua vida; ela dura somente um tempo neste mundo, depois é a eternidade – ou será no céu ou será no inferno, vai depender da escolha que você vai fazer.
Sim, para ter a vida eterna no céu, Deus enviou Jesus para ser nosso Senhor e Salvador. Entregar a vida para Jesus dirigir e abençoar, é escolher a vida no céu.
O apóstolo João, disse inspirado pelo Espírito Santo: “E este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida. Escrevi estas coisas a vocês que creem no nome do Filho de Deus, para que saibam que têm a vida eterna” (1Jo 5.11-13).
Pr Walter Pacheco da Silveira, 25.10.2020