ISAAC, CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO HOMEM DE DEUS
Gênesis 26.1-35
INTRODUÇÃO:
1. Ao olharmos para a vida de Isaque, veremos nele um servo de Deus que procurou obedecer ao Senhor em tudo. Porém, assim como outros patriarcas, ele teve em sua vida falhas, erros, pecados que de uma certa maneira mancharam sua existência terrena. Tais falhas aconteceram porque Isaque, como também todos os homens, herdou a natureza pecaminosa de Adão. Embora, ele fosse falho, podemos destacar em sua vida, algumas qualidades que o dignificaram como um verdadeiro filho de Deus de sua época.
2. O texto que lemos, nos mostra Deus falando a Isaque que não descesse ao Egito, a grande potência daquele tempo, mas que ele saísse em peregrinação à terra de Canaã. Ele saiu com a promessa de que o Senhor daria a posse daquela terra à sua posteridade, promessa esta já feita a Abraão, em anos anteriores.
Isaque obedeceu a voz divina, porém ao peregrinar sobre a terra, precisou conviver com a hostilidade dos filisteus, que também habitavam aquela região.
3. Desta convivência hostil com os filisteus, podemos observar na vida de Isaque:
"ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO HOMEM DE DEUS"
I. O HOMEM DE DEUS NÃO É ISENTO DE DEFEITOS
VS. 7-11
"6 Assim habitou Isaque em Gerar. 7 Então os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque temia dizer: É minha
mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista. 8 Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. 9 Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por sua causa. 10 Replicou Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós. 11 E Abimeleque ordenou a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher, certamente morrerá".
1. Isaque, como todo servo de Deus, teve falhas em sua vida. Habitando no meio dos filisteus, mentiu acerca de Rebeca sua mulher, dizendo que ela era sua irmã, temeroso por sua própria vida, pois acreditava que se falasse a verdade, aqueles homens o matariam para ficar com sua mulher. Porém sua trama foi descoberta por Abimeleque, rei dos filisteus, que o repreendeu e ao mesmo tempo deu uma ordem ao seu povo para que não tocassem em Rebeca.
2. Este episódio em sua vida foi semelhante ao episódio ocorrido com Abraão e Sara, seus pais, quando estiveram no Egito, Gn 12.11-13, "11 Quando ele estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; 12 e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida. 13 Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em atenção a ti".
3. Mesmo que Isaque, ou Abraão tenham mentido para salvar a própria "pele", Deus não compactuaria com eles. Sabemos que a mentira não deve fazer parte da vida de um filho de Deus! A Bíblia em Jo 8.44, afirma que quem mente é filho do Diabo, que é o pai da mentira: "Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira". Certamente Deus não se agradou de Isaque em sua mentira! Porém, precisamos entender que um filho de Deus, pode ter falhas, cometer pecados. Queremos percorrer alguns textos da Palavra de Deus que nos advertem sobre o fato de que não somos impecáveis, sem erro:
a) Rm 7.17-24, "17 Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. 19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. 21 Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. 22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros. 24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?".
- O presente texto da Palavra de Deus nos mostra o apóstolo Paulo diante de um grande dilema: conviver com sua natureza pecaminosa, carnal, e ao mesmo tempo levar uma vida santificada para Deus. Ele nos mostra sua luta interna em querer fazer o bem, mas uma força contrária, a natureza de Adão enraizada nele, o arrastando para o mal. Seu pior inimigo, era ele próprio, sua carne! Enquanto estamos neste mundo, precisamos travar uma tremenda luta contra nossas tendências pecaminosas, porque como Paulo, o mal nos perseguirá. Em outro texto, o grande apóstolo nos fala desta horrenda batalha entre a carne e o espírito do homem, Gl 5.17, "Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis".
- Sabendo que carne é inimiga de Deus, pois Deus é Espírito, precisamos "andar no Espírito", afastando continuamente estas inclinações de nossa vida, para vivermos uma vida em Deus, Rm 8.13, "porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis". A vida em Deus, deve ser "em Espírito" e não "na carne"! Porém, não devemos nos surpreender se em alguma ocasião nossa carne ressurgir e assumir o comando, nos causando estragos irreparáveis. Precisamos caminhar a vida cristã com muito cuidado, procurando estabelecer o domínio do espírito contra a carne!
b) Jo 1.10, "Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós".
- Observe como João se inclui (ele usa o pronome na segunda pessoa – "nós") entre aqueles que cometem pecado. Ora, João, como também Paulo não estão usado de falsa modéstia, falando o que não é verdade, apenas para darem a impressão que estão se igualando a nós. Eles falam de uma realidade que de fato viviam, como nós também vivemos, ou seja "somos pecadores". Todos nós, queiramos ou não, fomos atingidos pelo vírus do pecado herdado de Adão, Rm 5.12, "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram". Contudo, sabemos que aquele que passou pela cruz de Cristo, teve seus pecados tratados, mas não a isenção absoluta de pecar.
- Ao analisar Jo 3.6, "Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece", e fazendo uma comparação com o versículo citado (Jo 1.10), podemos achar que há entre estes dois textos uma aparente contradição, sendo que, pode-se levantar a seguinte questão: Crente peca, ou não peca? Porém, o que João nos ensina é que o filho de Deus, embora esteja sujeito ao pecado e algumas vezes pode até mesmo pecar, o que não pode acontecer é a prática habitual do pecado, uma vez que o verdadeiro cristão passou pela regeneração e mesmo praticando o pecado acidentalmente, sua nova natureza não tem mais prazer em pecar.
c) Jo 1.9, "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça". Observe novamente a partícula "nós", incluindo João entre aqueles que precisam ter seus pecados tratados. Como crentes, ao pecarmos temos a quem recorrer! Mediante a confissão, Jesus nos perdoa. Tal verdade nos mostra que podemos até cair na prática do pecado, mas não podemos e nem precisamos permanecer nele, uma vez que o antídoto contra o pecado já nos foi dado por Deus, que é a confissão, mediante a qual somos purificados.
4. Por tudo isso, devemos entender que somos pecadores, mas pecadores redimidos.
Se pecarmos acidentalmente, temos nosso advogado, Jesus Cristo, que pelo seu sangue e mediante nossa confissão nos traz imediata libertação, Jo 2.1, "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo".
II. O HOMEM DE DEUS DEVE SER PRUDENTE VS. 12-14
"12 Isaque semeou naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou. 13 E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso; 14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam".
1. Quando Isaque se estabeleceu naquela terra, nos diz o texto que "...semeou ... e no mesmo ano colheu o cêntuplo". Observe que Isaque poderia ter comido as sementes que estavam em suas mãos, como muitos fazem. Mas não fez isso. Antes, lançou a semente à terra e pôde colher em abundância. Temos aqui uma lição de inteligência e ao mesmo tempo de prudência. O prudente é aquele que se prepara para o amanhã e não aquele que vive apenas o hoje, Pv 6.6-8, "6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio; 7 a qual, não tendo chefe, nem superintendente, nem governador, 8 no verão faz a provisão do seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa".
2. Este princípio se aplica também ao terreno espiritual: "... pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará", Gl 6.7. Na verdade, a abundância de nossa colheita será proporcional à quantidade de sementes lançadas. Se na lavoura, a multiplicação da semente pode chegar ao cêntuplo, o mesmo também se aplica às verdades espirituais. Deus nos abençoará na medida em que semearmos. Observemos alguns textos abaixo:
a) Mt 19.29, "E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna". O presente texto faz alusão à proposta de Jesus àqueles que são chamados para segui-LO. Certamente muitos dos seus seguidores estavam preocupados com as perdas materiais que sofreriam por O acompanharem. Diante da apreensão deles, o Senhor esclarece que não sofreriam qualquer dano por tomarem a decisão de estarem com Ele. Pelo contrário, seriam abençoados cem vezes mais sobre o que tivessem perdido. E ainda mais, teriam a "vida eterna" garantida da eternidade!
b) 2 Co 9.6, "Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará". Temos aqui o princípio da semeadura no Reino. A "abundância" da colheita, ocorrerá, se houver "abundância" na semeadura. Muitos crentes não são abençoados em sua vida espiritual e também na vida material, porque são mesquinhos em sua contribuição para o Reino de Deus. Regulam tudo o dão para Deus, e depois reclamam que a mão do Senhor está encolhida, Is 59.1, "Eis que a mão do Senhor não está encolhida...".
c) 2 Co 9.8-10, "8 E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra; 9 conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre. 10 Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça". Observe como funcionam os princípios do reino: Quando abrimos nosso coração, Deus nos dará "ampla suficiência" em tudo. Se é Ele quem nos dá a "semente" (o pouco que podemos investir), também é Ele quem fará nossa "semeadura’ se multiplicar. O mesquinho não entende esta verdade e por esta razão sofre as conseqüências de seus atos. Simplesmente não pode desfrutar do melhor de Deus!
3. Aquele que é prudente, faz como Isaque. Usa o que tem nas mãos como semente, para colher abundantemente.
III. O HOMEM DE DEUS DEVE SER PACIFICADOR VS. 14-22
"14 e tinha possessões de rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o invejavam. 15 Ora, todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra. 16 E Abimeleque disse a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós. 17 Então Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou. 18 E Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera. 19 Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas. 20 E os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele. 21 Então cavaram outro poço, pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna. 22 E partiu dali, e cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote, dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra".
1. Ao fixar-se naquela terra e por ser um homem abençoado por Deus, agraciado com muitos animais e com muita gente de serviço, Isaque despertou grande inveja nos filisteus, que se voltariam contra ele em forma de retaliação. Seus inimigos começaram a entulhar os poços de água, anteriormente construídos pelo seu pai Abraão. Diante daquela situação conflituosa, o Rei dos filisteus, Abimeleque, pediu que Isaque saísse do meio deles, pois achava que o centro da contenda fosse Isaque e sua gente.
2. Saindo dali, Isaque foi para o vale de Gerar, para lá habitar. Novos poços foram cavados, dos quais surgiram "águas vivas", (v. 19), que poderia ser uma referência à águas de excelente qualidade potável. Novamente, ressurge nova contenda! Agora eram os pastores de Gerar contendendo com os pastores de Isaque, que disputavam as águas encontradas. Sempre que um poço era cavado, vinham seus inimigos e ficavam com a posse dele. Isaque se mudava para outro lugar, novamente vinham seus inimigos e começava tudo de novo!
3. O que podemos deduzir desta particularidade na vida de Isaque é o fato de que ele não era contencioso, briguento. Pelo contrário, fugia das brigas e das contendas! Em outras palavras, "levava o desaforo para casa"! Como ele era diferente de muitos de nós! Há crentes que vivem em eternas disputas dentro da igreja. Ora disputam por um cargo de liderança, ora por defenderem "suas opiniões". Tais irmãos acabam sempre sendo o palco de eternas divisões, discórdias e dissensões no meio do povo de Deus. A Palavra de Deus nos adverte que precisamos ser pacificadores e não "discordantes", "conscenciosos" e não contenciosos. Vejamos:
a) Mt 5.9 "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". Estamos diante de uma qualidade imprescindível para aquele que quer fazer parte do reino. O integrante do reino deve ser um "pacificador". Esta palavra vem do grego "eirhnopoiov" – eirenopoios (lembre-se que esta palavra é uma derivação de "eirhnh" (eirene) – "paz") e tem como significado "promotor da paz". Não significa somente fugir de discórdias e contendas, mas também detectar o foco delas e jogar "água benta", pacificando irmãos em disputas, criando um clima de amizade e união no meio do povo de Deus.
b) Rm 12.18, "Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens". É verdade que há situações onde a pacificação não depende somente de nós. Podemos ser "agraciados" com um inimigo gratuito, que nos odeia sem causa!
Porém, o apóstolo Paulo é claro: "... se depender de vós, tende paz...". Em quase todas as ocasiões de conflito, se houvesse a aplicação do princípio aqui colocado, a paz reinaria rapidamente. O que acontece é justamente o contrário: muitos gostam de lançar "lenha ao fogo", e a contenda se intensifica. Observe que Paulo não fala somente da paz entre os irmãos, mas também da paz com "todos os homens", ou seja, estão envolvidos também aqui, aqueles que não são convertidos, no meio dos quais precisamos ser promotores da paz.
c) Hb 12.14, "Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor". Temos aqui uma exortação do escritor da Carta aos Hebreus, no sentido de que a paz deve ser "perseguida" a qualquer custo. O verbo "seguir" é o termo grego "diwkw" – dioko, que quer dizer "correr rapidamente para pegar uma pessoa ou coisa", "buscar avidamente". Devemos buscar a paz a qualquer custo! Procurar avidamente por ela! Note que a palavra paz é colocada junto com a palavra santificação, onde o autor nos diz que "... sem a santificação ninguém verá o Senhor". Não é isso sugestivo a nós?
4. Sejamos pacificadores, promotores de paz não somente na igreja, mas também no meio em que vivemos!
IV. O HOMEM DE DEUS DEVE POSSUIR UMA VIDA CONTAGIANTE VS. 26-31z
"26 Então Abimeleque veio a ele de Gerar, com Aüzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército. 27 E perguntou-lhes Isaque: Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós? 28 Responderam eles: Temos visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo, 29 que não nos farás mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor. 30 Então Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam. 31 E levantaram-se de manhã cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se despediram dele em paz".
1. Depois de várias fugas de conflitos, Isaque foi procurado por Abimeleque, Auzate seu amigo e Ficol, chefe de seu exército, o que causou certa estranheza por parte de Isaque, que fez a Abimeleque uma pergunta obvia: "Porque vieste ter comigo, visto que me odiais...?". A resposta do rei dos filisteus foi: "Temos visto que o Senhor é contigo...". Abimeleque propõe agora um acordo com Isaque: Dali para a frente eles seriam "amigos".
2. O que motivou Abimeleque a procurar Isaque? Foi pelo fato dele ter observado que Isaque não era uma pessoa comum, mas que estava debaixo da proteção e da guarda do Altíssimo. Quando vivemos a vida cristã verdadeiramente, seremos notados por outras pessoas! Teremos uma fé contagiante, a ponto destas pessoas quererem levar a vida que levamos. É o que podemos chamar de testemunho vivo e ativo. Como filhos de Deus precisamos ser bênção para outros!
3. Porém muitos crentes ao invés de possuir uma vida contagiante acabam por ter uma vida repulsiva. Ao invés de atraírem pessoas para junto de si, empolgadas em querer desfrutar da vida que levam, tornam-se pedras de tropeço! As Escrituras nos mostram que como filhos de Deus devemos influenciar para o bem, nunca para o mal. Vejamos algumas passagens:
a) At 2.42-47, "42 e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. 44 Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. 46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos".
- Os irmãos da Igreja de Jerusalém tinham uma vida contagiante. Observe algumas práticas comuns que certamente chamaram a atenção do povo da cidade: Praticavam a doutrina dos apóstolos, participavam de ceias comunitárias, ajudavam os mais pobres, eram unânimes em suas posições, havia entre eles grande alegria, os sinais e prodígios estavam presentes em seus cultos a Deus, etc..
- Ao observar esta vida comum, o povo da cidade foi tomado de uma grande simpatia pela igreja, ao ponto de Lucas, o escritor de Atos, dizer: "...caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos". Quando testemunhamos ativamente, o Espírito de Deus terá mais liberdade para agir nos corações. Ganhar vidas para Deus não nos trará qualquer esforço físico, mas será algo natural. É Deus quem estará trazendo as vidas ao encontro da graça!
b) Jo 17.22-23, "22 E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um; 23 eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim".
- Este trecho da Palavra de Deus está inserido na chamada "oração sacerdotal" do Senhor. Nesta oração, Jesus manifesta intensa preocupação com a vida futura de seus discípulos. Nos versículos citados, esta preocupação do Senhor está envolvendo a questão da unidade, algo que seria para eles crucial. Jesus sabia que se eles se mantivessem unidos, seriam alvos de observação do mundo. Através da unidade e comunhão deles, o mundo chegaria ao conhecimento de Deus.
- Observe que Jesus fala de "perfeição na unidade", o que nos sugere uma unidade sem hipocrisias, fingimentos, motivada essencialmente pelo amor, 1 Pe 1.22, "Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração amai-vos ardentemente uns aos outros". O amor fraterno verdadeiro, leva à unidade e conseqüentemente, nos torna alvos de observação do mundo. Observando esta maneira de vida na igreja, muitos poderão chegar à aceitação da graça de Deus, somando-se às fileiras da família divina.
4. O nosso procedimento falará mais alto do que palavras. Viver é mais edificante do que pregar!
V. O HOMEM DE DEUS DEVE DESFRUTAR DE COMUNHÃO COM O SENHOR VS. 2-5; 24-25
"2 E apareceu-lhe o Senhor e disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser; 3 peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai; 4 e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra; 5 porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis. 24 E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu servo Abraão. 25 Isaque, pois, edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos cavaram um poço".
1. Pelos versículos citados, podemos ver que Isaque desfrutava de uma intimidade com o Senhor. Tanto no versículo 2, como também no versículo 24, nos diz a Palavra de Deus que "o Senhor lhe apareceu". Isto nos fala de relacionamento, intimidade! No Velho Testamento, Deus somente se manifestava à pessoas que mantinham uma vida digna diante dEle. O mesmo ocorre hoje. Deus não terá comunhão com alguém que não lhe seja obediente e submisso! Outro fator também é que Deus jamais entrará em contato com o homem, sem que este deseje recebê-lo. É por esta razão que o Espírito Santo somente pode habitar num coração convertido e nunca em alguém ainda não provou a graça e a salvação de Deus.
2. Em virtude do corre-corre do mundo de hoje, muitos filhos de Deus estão perdendo a bênção de uma intimidade com o Senhor. Para desfrutarmos de uma perfeita comunhão com Deus, precisamos dar tempo a Ele. Muitas vezes há necessidade de ficarmos horas e horas na presença de Deus, para que possamos conhecê-LO mais profundamente! É verdade que O podemos conhecer pela sua Palavra, onde sua vontade é revelada de forma clara! Porém é através da oração, da comunhão, da experiência, que podemos conhecê-LO intimamente. Devemos sempre lembrar que o conhecimento de Deus não é estático, mas dinâmico. Já dizia o profeta: "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra", Os 6.3. Ou seja nosso conhecimento de Deus jamais terá limites! É preciso conhecê-LO, e prosseguir nesta busca de conhecimento. Porém, sabemos que o conhecimento pleno de Deus se dará apenas na eternidade, 1 Jo 3.2, "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos".
3. Como podemos conhecer ao Senhor de forma mais eficiente? Vejamos algumas maneiras de conhecer a Deus nas Escrituras:
a) Dando-LHE tempo, pela amizade, Jo 15.14, "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando". Devemos observar que a única maneira de nos tornarmos "amigos de Deus", é através da obediência à sua Palavra. Caso contrário, Deus não poderá compactuar-SE conosco. Lembrando de Abraão, não podemos nos esquecer que ele foi chamado "o amigo de Deus", Tg 2.23, "...e foi chamado amigo de Deus". Por quê Deus escolheu Abraão para ser seu amigo? Qual foi a razão desta intimidade?
Certamente foi em virtude de sua obediência irrestrita ao Senhor e também pela sua disposição em estar em SUA presença.
b) Através da oração e busca, Jr 29.13, "Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração". Em nossa busca a Deus, deve haver um envolvimento espiritual. O "coração" para os hebreus era a "parte mais interior do ser", "as entranhas", "o centro das emoções", etc. É por esta razão que Jesus manda que amemos a Deus de "...todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças", Mc 12.30. Em nossa busca a Deus devemos concentrar todo o nosso sentimento. Davi dizia: "Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus!", Sl 42.1. Davi sabia como tocar o coração de Deus!
c) Andando continuamente com Ele, Gn 5.24, "Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus o tomou". Que exemplo brilhante temos na vida de Enoque, que por desfrutar de uma grande intimidade com o Senhor, não precisou passar pela morte física. Deus o tomou para si em uma de suas caminhadas com Ele! "Andar com Deus", deve ser para o filho de Deus uma prioridade! Devemos deixar tudo para ficar a sós com Deus! Muitas vezes ocorre o inverso: Deixamos Deus para ficar com o "tudo", e ainda depois queremos o "tudo" de Deus! Não precisamos dizer que nada teremos!
CONCLUSÃO:
1. Através da experiência de Isaque, vimos nesta noite como deve-se comportar um verdadeiro filho de Deus diante de certas situações que nos vêm através de nosso relacionamento com pessoas no mundo.
a) Diante de Abimeleque, Isaque mentiu acerca de sua esposa Rebeca. Isto nos mostra que somos falhos. Porém precisamos aprender a lidar com nossas falhas e pecados diante de Deus!
b) Quando teve oportunidade de plantar naquela terra, Isaque não titubeou, lançou imediatamente a semente. Embora ele pudesse ter comido a semente que tinha em suas mãos, sua prudência fez com que ele semeasse, e colhesse naquele anos o cêntuplo. Devemos aprender os princípios espirituais da semeadura e da colheita para sermos abençoados no reino de Deus!
c) Diante da contenda surgida entre os homens de Isaque e os homens de Abimeleque, vimos como Isaque se mostrou pacificador. Devemos não apenas procurar a paz, mas também sermos promotores da paz entre vidas!
d) Vimos como Isaque foi observado por Abimeleque. Sua vida foi uma inspiração para aquele rei idólatra. Isto levou Abimeleque a querer fazer uma aliança com Isaque. Como tem sido nosso testemunho como cristãos? Aqueles que não são crentes gostam de estar perto de nós, ou somos intransigentes, repulsivos?
e) Finalmente, vimos que Isaque mantinha uma comunhão irrestrita com o Senhor, que lhe aparecia, conversava, etc. Temos nós audiência constante na presença de Deus?
2. Que a vida de Isaque seja para nós um estímulo que nos leve a viver como filhos de Deus, falhos sim, mas vitoriosos!
Pr. José Antônio Corrêa